Hábitos de vida da associação "Schuchertella" agassizi - Pthychopteria eschwegei, formação Maecuru, Devoniano, Bacia do Amazonas, Brasil

Autores

  • Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; Escola de Ciências Biológicas; Departamento de Ciências Naturais
  • Deusana Maria da Costa Machado Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; Escola de Ciências Biológicas; Departamento de Ciências Naturais

DOI:

https://doi.org/10.11137/2007_1_135-144

Resumo

Na Formação Maecuru podem ser reconhecidas duas associações de invertebrados marinhos bentônicos, cada qual representando um paleoambiente distinto. A associação analisada neste trabalho, presente em arenitos médios a grossos, apresenta como organismos predominantes "Schuchertella" agassizi (Rathbun, 1874) e Ptychopteria eschwegei (Clarke, 1899). Os fósseis estudados são oriundos de afloramentos nos rios Maecuru e Curuá, Estado do Pará, sendo procedentes dos estratos superiores da Formação Maecuru, de idade Eifeliana. Foram analisadas 337 amostras, coletadas pela Comissão Geológica do Império (1875-1877) e Expedição Orville A. Derby (1986). Compondo esta associação foram identificadas 12 espécies de braquiópodes, 20 de biválvios, 12 de trilobitas, 8 de gastrópodes, 6 de belerofontídeos, 3 de crinóides e 3 de tentaculitídeos. Os braquiópodes representam aproximadamente 50% da associação, seguidos pelos tentaculitídeos e biválvios. Trilobitas, gastrópodes e belerofontídeos totalizam menos de 10%. Os crinóides não foram incluídos na análise quantitativa, pois são encontrados apenas como placas calicinais e discos da coluna desarticulados. Os braquiópodes mostraram, através de suas características morfofuncionais, hábito suspensívoro epibentônico reclinante ou fixo por pedículo. Os biválvios apresentaram hábito suspensívoro semi-infaunístico endobissado, dominante, e infaunístico. Os trilobitas mostraram um hábito predador/necrófago, epibentônico móvel. Os gastrópodes platiceratídeos seriam epibentônicos de reduzida mobilidade (coprófagos/suspensívoros), enquanto os belerofontídeos teriam hábito epibentônico de média a alta mobilidade, pastador/ predador. Os tentaculitídeos seriam suspensívoros semi-infaunísticos. As formas suspensívoras representam mais de 90% dos organismos, sendo o percentual restante distribuído entre os predadores/necrófagos (trilobitas), coprófagos/suspensívoros (gastrópodes), pastadores/predadores (belerofontídeos) e depositívoros (raros biválvios). A predominância de suspensívoros corrobora o ambiente inferido de plataforma interna a média para a associação, pois os suspensívoros se adaptam melhor a águas agitadas e sedimentos grossos. A presença de formas suspensívoras epibentônicas e semi-infaunísticas, juntamente com os outros hábitos secundários, indica um ambiente marinho raso de águas agitadas, temperadas, bem oxigenadas e com salinidade normal.

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Publicado

2007-01-01

Edição

Seção

Artigos