Terremoto fóssil evidenciado pela brecha tectônica silicificada da área de Cabo Frio, RJ, e sua relação com a gênese do movimento intermitente da falha e o hidrotermalismo amagmático associado

Autores

  • Akihisa Motoki Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Faculdade de Geologia; Departamento de Mineralogia e Petrologia Ígnea
  • Thais Vargas Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Faculdade de Geologia; Departamento de Mineralogia e Petrologia Ígnea
  • Woldemar Iwanuch Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Faculdade de Geologia; Departamento de Mineralogia e Petrologia Ígnea
  • Dean Pereira de Melo PETROBRAS; CENPES
  • Susanna Eleonora Sichel Universidade Federal Fluminense; Departamento de Geologia; Laboratório de Geologia do Mar
  • Alex Balmant Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Faculdade de Geologia; Departamento de Mineralogia e Petrologia Ígnea
  • José Ribeiro Aires PETROBRAS; ABAST
  • Kenji Freire Motoki Universidade Federal Fluminense; Departamento de Geologia; Laboratório de Geologia do Mar

DOI:

https://doi.org/10.11137/2012_2_124_139

Resumo

Este trabalho apresenta o estado atual das pesquisas geológicas e petrográficas da brecha tectônica silicificada na área de Cabo Frio, RJ. A partir dos resultados, os autores propõem um modelo para o mecanismo de deslocamentos intermitentes das falhas. As zonas de brecha tectônica têm largura de 50 cm a 20 m e direção geral de NE-SW. Essas são cortadas por diques máficos do Eocretáceo. Os clastos são angulosos e caracterizados pela textura de auto-brechação. A matriz é consolidada firmemente pela silicificação com disseminação de hematita, carbonatos e sericita. As zonas de brecha são distribuídas aleatoriamente em uma ampla área do Estado. Esta observação indica que a silicificação não está relacionada aos magmatismos locais de intrusões alcalinas do Cretáceo ao Eocenozóico. Uma idéia alternativa é o hidrotermalismo originado do gradiente geotérmico. De acordo com o gradiente geotérmico normal da região continental, de 25 a 30ºC/km, a temperatura atribuída à faixa de profundidade de 6 a 8 km é de 180 a 220ºC. Nesta condição, o EL. O presente aí comporta como líquido hidrotermal. Este tipo de hidrotermalismo, sem participação de magmas, é denominado hidrotermalismo amagmático. Quando ocorreu o terremoto, formou-se uma zona de cataclase. A água da superfície que infiltrou ao longo dessa e chegou a profundidade de 6 a 8 km transformou-se em líquido hidrotermal amagmático. Conforme os reajustes de esforços e a conseqüente acomodação dos blocos rochosos crustais, o líquido hidrotermal foi pressionado e foi forçado a subir ao longo da zona de cataclase. Durante a ascensão e resfriamento do líquido hidrotermal, ocorreu a silicificação e consolidação da zona de cataclase. As brechas tectônicas silicificadas observadas na área estudada podem representar este fenómeno que ocorreu no tempo geológico. Através da silicificação e consolidação hidrotermal, o plano de falha transformou-se de uma zona de fraqueza em uma zona de rigidez mecânica, o que possibilitou a acumulação da energia tectônica na forma de deformação elástica. Isto é, durante e logo após o terremoto, o plano da falha foi uma zona de debilidade, entretanto durante o período entre terremotos, foi uma zona de alta rigidez. Os clastos desta brecha são constituídos por rocha cataclástica silicificada. Esta observação indica que o rompimento do plano de falha e sua consolidação hidrotermal ocorreram repetidamente, o que implica terremotos repetidos ao longo da mesma falha. Os autores propõem este processo como um mecanismo adicional para o movimento intermitente de falhas. O hidrotermalismo amagmático pode ser uma representação geológica da asperidade. Essa é um conceito sismológico que corresponde à localidade específica no plano de falha em que ocorre estagnação do movimento possibilitando a acumulação da energia tectônica na forma de deformação elástica. O terremoto novo ocorre através do rompimento da asperidade.

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Publicado

2012-12-01

Edição

Seção

não definida