Palinologia, paleoflorística e aspectos paleoclimáticos de sedimentos do pleistoceno tardio na bacia hidrográfica do Rio Guandu, Rio de Janeiro, Brasil

Autores

  • Shana Yuri Misumi Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto de Geociências; Departamento de Geologia; Laboratório de Palinologia
  • Márcia Aguiar de Barros Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto de Geociências; Departamento de Geologia; Laboratório de Palinologia
  • Claudia Gutterres Vilela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto de Geociências; Departamento de Geologia; Laboratório de Análise Micropaleontológica
  • Ortrud Monika Barth Instituto Oswaldo Cruz

DOI:

https://doi.org/10.11137/2014_1_104_114

Resumo

Por apresentarem grande diversidade morfológica, os grãos de pólen, especialmente os de angiospermas, podem ser usados para determinar sequências estratigráficas, estabelecer a relação entre regiões geograficamente separadas e reconstruir o paleoambiente. A partir da década de 1970, estudos palinológicos em sedimentos quaternários vêm sendo realizados no Brasil, documentando as mudanças da vegetação e as variações climáticas ocorridas ao longo deste período geológico. Análises palinológicas em sedimentos provenientes da bacia hidrográfica do rio Guandu estão sendo apresentadas com os objetivos de reconstituir a vegetação pretérita da área, compreender a sua evolução florística e realizar inferências paleoclimáticas durante Pleistoceno Tardio. Há décadas, a área vem sofrendo profundas mudanças fisionômicas devido às atividades extrativistas, caracterizadas pelo Distrito Areeiro de Piranema. As cavas submersas resultantes da mineração possibilitaram a coleta de um pacote sedimentar lamoso contendo matéria orgânica, ao longo de um perfil colunar, no Areal Santobaia. O depósito foi dividido em cinco níveis, todos submetidos à metodologia de tratamento químico proposta como padrão. As análises geocronológicas resultaram em um intervalo de tempo entre 42.500 e 35.200 À 340 anos AP. Os dados palinológicos evidenciaram que, apesar do clima frio e mais seco que o atual, característico do período glacial, o nível de umidade se manteve o suficiente para o estabelecimento de uma vegetação durante todo o intervalo cronológico. Localmente, uma mata paludosa sujeita às eventuais inundações fluviais estava presente, além de uma vegetação mais seca de baixada, em áreas fora do alcance das enchentes. Não foram observados palinomorfos que indicassem a formação de um local permanentemente alagado. No contexto mais regional, está inserida uma mata de encosta com um registro polínico pouco expressivo, porém sempre presente. Estas três formações vegetais coexistiram durante todo o período de tempo considerado, sendo a dimensão de cada uma diretamente influenciada pela oscilação das condições hidrográficas da bacia do rio Guandu.

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Publicado

2014-06-01

Edição

Seção

não definida