A teoria e a história da literatura, e o Maneirismo

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Resumo

A obra Teoria da Literatura, de Aguiar e Silva (2011 [1973]), foi referência para gerações de pesquisadores em Portugal e no Brasil. Afastando-se de antigos modelos, a obra surge dividida entre interesses propriamente teóricos, universais e de caráter explicativo, e o imperativo à compreensão historicamente ancorada do objeto. A fundamentação que aí se oferece para o programa disciplinar da História Literária esforça-se por conciliar premissas disciplinares diversas e fá-lo num quadro institucional particular, hoje diferente no tocante quer aos interesses cognitivos, quer aos meios disponíveis para a investigação. Entender como se engendrou a matriz teórica desse programa é importante para pensar as possibilidades que a História Literária oferece para as Letras. Este artigo dedica-se ao conceito do literário implicado nesse modelo de História de que a Teoria da Literatura partilha e que assenta. Também procuramos justificar a busca por alternativas ao catálogo periodológico, especialmente respeitante à tese do autor sobre Maneirismo e barroco (1971).

Biografia do Autor

Matheus de Brito, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP

Licenciado em Português con laudabiliter et honorifice pela Universidade de Coimbra (2011). Doutorado summa cum laude em Materialidades da Literatura pela Universidade de Coimbra, e em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas, sob cotutela (2017). Realiza atualmente investigação pós-doutoral na Universidade Estadual de Campinas, com o projeto “O ethos do dissídio na lírica camoniana”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. É membro do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (Universidade de Coimbra).

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Publicado

2019-07-26

Edição

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Artigos