Da solidão do deserto ao caos das trevas exteriores: ascese e invenção em Paulo Leminski

Autores/as

  • Everton de Oliveira Moraes Universidade Estadual do Paraná, Curitiba - PR

DOI:

https://doi.org/10.1590/1517-106x/20182027491

Resumen

A partir de meados da década de 1970, o poeta Paulo Leminski escreve alguns ensaios manifestando sua preocupação com o problema do esgotamento dos “recursos naturais”, a iminente catástrofe ambiental, a possível hecatombe nuclear, e com a consequente crise dos modos de vida dominantes no mundo moderno-ocidental. Leminski se dedica, sobretudo, a investigar o modo como a literatura participa desse momento histórico de escassez. Buscando pensar o lugar da arte nessa crise, ele recorre a uma série de personagens conceituais e históricos que, sob o signo da ascese, se contrapõem à cultura da afluência, ao ativismo e à teleologia progressista, que caracterizam a sociedade brasileira da década de 1970, e seu correlato artístico: as literaturas engajadas, tanto nas suas versões experimentais como nas ideológicas. Esse artigo busca pensar que tipo de experiência do tempo está em jogo nessa ascese poética leminskiana.

Biografía del autor/a

Everton de Oliveira Moraes, Universidade Estadual do Paraná, Curitiba - PR

Everton de Oliveira Moraes é Doutor em História pela Universidade Federal do Paraná e mestre em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina, pesquisando principalmente temáticas que dizem respeito ao problema do tempo e da historicidade nas artes e na literatura.

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Publicado

2018-07-06

Número

Sección

Artigos