DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A LEI 10639/03 NA PERSPECTIVA DA CORPOREIDADE

Autores

Palavras-chave:

Educação Física Escolar, Corporeidade, Relações Raciais, Lei 10639/03

Resumo

O artigo propõe reflexões a respeito das possíveis aproximações entre a educação física escolar, pelo viés da cultura corporal, e a lei 10639/03, que implementou o ensino da história e culturas africana e afro-brasileiras nas instituições da educação básicas do Brasil. Para isso, privilegiou-se a interface corporeidade/raça como recorte analítico, pois consideramos o corpo -- e por que não dizer o corpo negro -- como expressão dos sentidos e significados das atividades da educação física escolar cuja origem de seus conteúdos vão ao encontro do que preconiza a referida lei. Assim, é apresentada breve discussão teórica que envolve aspectos legais que organizam a legislação no âmbito da educação. Posteriormente, são levantadas importantes questões relacionadas ao corpo e à corporeidade, seguida do diálogo com alguns autores e suas contribuições para pensarmos os conceitos de raça e miscigenação. Por fim, sem estabelecer considerações finais, propõe-se o debate a respeito das possibilidades de articulação desses conceitos, considerando o corpo e a corporeidade, como recortes específicos de análise, integrantes da educação física escolar, cuja contextualização está expressa na lei 10.639/03, através dos conteúdos da cultura corporal.

Biografia do Autor

CARLOS HENRIQUE SANTOS MARTINS, CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ

PROFESSOR E PESQUISADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRAUAÇÃO EM RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS DO CEFET/RJ

 

 

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Publicado

2017-12-31

Edição

Seção

Artigos