Histórico da Palinoestratigrafia Marinha no Brasil com Ênfase em Dinoflagelados Cretáceos

Autores

  • Mitsuru Arai

Palavras-chave:

Palinoestratigrafia, Palinologia marinha, Cretáceo, Brasil

Resumo

Até há cerca de uma década, os palinomorfos terrestres – sobretudo esporos e grãos de pólen – têm sido utilizados de modo quase exclusivo na Palinoestratigrafia do Cretáceo brasileiro. Isto se deveu aos fatores geo-econômico (o centro tradicional de exploração do petróleo brasileiro era o Recôncavo Baiano, uma bacia rift continental), cultural (os estrangeiros pioneiros que treinaram os primeiros palinólogos da PETROBRAS eram especialistas em palinomorfos terrestres) e técnico (o Cretáceo marinho, possuindo poucos afloramentos na área emersa, dificultou a iniciativa dos pesquisadores da comunidade acadêmica), além de uma certa dose de inércia (mesmo nas bacias com seções marinhas, o esquema palinoestratigráfico tradicional baseado em palinomorfos terrestres continuou sendo utilizado com resultados satisfatórios para a época). Mas, crucial para o desenvolvimento da Palinologia marinha no Cretáceo brasileiro foi o fator técnico. Comparando com palinomorfos marinhos do Devoniano brasileiro, cujos estudos estavam bem adiantados já nas décadas de 1940 e 1950, era gritante o atraso existente no conhecimento acerca de palinomorfos marinhos do Cretáceo do Brasil. Mesmo na década de 1960, quando a PETROBRAS iniciou a exploração das bacias marinhas da plataforma continental (offshore), o espaço para Palinoestratigrafia não se criou imediatamente, pois foram adotados prioritariamente foraminíferos e nanofósseis calcários. A mudança desse status quo ocorreu nos anos 70, com a descoberta de petróleo na Bacia de Campos, onde a primeira unidade litoestratigráfica a ser reconhecida como portadora de reservatório de petróleo foi a Formação Macaé, depositada em plataforma carbonática. Seu ambiente de mar restrito e raso, oferecendo condições desfavoráveis para a proliferação de foraminíferos e organismos produtores de nanofósseis calcários, ofereceu pouca resolução bioestratigráfica. Além disso, devido a menor aporte terrígeno – típico de plataforma carbonática –, a formação é pobre também em palinomorfos terrestres, o que obrigou os especialistas a darem mais atenção a palinomorfos marinhos, principalmente dinoflagelados. Decorridas quase três décadas, os dinoflagelados constituem hoje ferramenta indispensável na exploração de petróleo no Brasil, sobretudo na seção marinha do Cretáceo.

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Publicado

2021-12-13

Edição

Seção

SUMÁRIO