A natureza do si-mesmo: Hume ou Kant?

Abstract

De acordo com uma opinião amplamente divulgada, a noção kantiana de apercepção deve ser considerada como uma resposta ao desafio cético de Hume, formulada em sua "teoria do feixe" sobre o si-mesmo. O objetivo deste artigo é oferecer uma análise das diferenças na abrangência e no conteúdo existentes entre as abordagens que os dois filósofos dão da representação do "eu" no contexto de uma explicação do conhecimento. A teoria humeana do auto-conhecimento é baseada sobre um modelo observacional ainda aceito em discussões contemporâneas sobre a identidade pessoal, enquanto a abordagem de Kant é determinada por considerações que têm relação com o ponto de vista da primeira pessoa. essas diferenças conduzem a teorias muito incompatíveis entre si e não sugerem a idéia de que Kant queria dar uma resposta ao desafio cético de Hume.

Abstract

According to a widespread view, Kant's notion of apperception is to be considered as an answer to Hume's sceptical challenge of his "bundle-theory" of the self. The aim of this paper is an analysis of the differences in scope and content between the accounts the two philosophers are giving of the "i"-representation within the framework of an explanation of knowledge. Hume´s theory of self-knowledge is based upon an observational model still accepted in contemporary discussions about personal identity, while Kant's approach is determined by considerations which have something to do with the first-person point of view. These differences lead to theories quite incompatible with each other, and don't suggest the idea that Kant wanted to give an answer to Hume's sceptical challenge.