Representation et intentionnalité: comment est-il possible de determiner nos expectatives?

Abstract

As ciências cognitivas adotaram geralmente uma concepção da intencionalidade em termos de representações internas à mente, favorecendo a função da receptividade passiva com relação à informação externa, em detrimento do reconhecimento do papel da atividade espontânea do vivente. A descoberta de uma grande variedade de mecanismos neurais que dão ao organismo uma capacidade de antecipação na percepção e na ação criou uma tensão (se não uma contradição), com a primazia assumida da representação na atividade cognitiva. Explicações parciais que, para cada modalidade de antecipação descoberta pela pesquisa empírica, introduzem um hipotético modelo interno ad hoc não serão suficiente para resolver esta tensão. Como alternativa, através do conceito de constituição transcendental daLebenswelt de Husserl, pode-se vislumbrar a possibilidade de uma teoria integrativa de como o vivente pode estruturar seu mundo de modo imanente, usando seus próprios recursos de atribuição de sentido em vez de extrair a sua informação de um universo material predeterminado.

Résumé

Les sciences cognitives ont généralement adopté une conception de l'intentionnalité en termes de représentations internes à l'esprit. Cette conception privilégiait la fonction de réceptivité passive à l'égard d'une information externe au détriment de la reconnaissance du rôle de l'activité spontanée du vivant. La découverte d'une grande variété de mécanismes neuronaux qui confèrent à l'organisme une capacité d'anticipation dans la perception et l'action a créé une tension (sinon une contradiction) avec le primat supposé de la représentation dans l'activité cognitive. Des explications partielles introduisant pour chaque mode d'anticipation établi par la recherche empirique un hypothétique modèle interne ad hocne suffiront pas à résoudre cette tension. Alternativement, le concept de constitution transcendantale de la Lebenswelt de Husserl préfigure le programme d'une théorie intégrative rendant compte de la façon dont le vivant peut structurer son monde de vie de façon immanente en mettant en oeuvre ses propres ressources d'attribution de sens de préférence à une information dérivée d'un univers matériel prédéterminé.