OPERÁRIAS DA SOGANTAL EM LUTA: UMA ANÁLISE CRÍTICA À HISTORIOGRAFIA PORTUGUESA NO DEBATE SOBRE GÊNERO

Auteurs-es

  • Pamela Peres Cabreira Universidade Nova de Lisboa

Mots-clés :

Portugal, operárias, gênero.

Résumé

O presente artigo tem por objetivo trazer para o debate a (não) utilização da categoria analítica “gênero” na academia portuguesa, procurando problematizar as escolhas historiográficas nesse âmbito. Para tanto, selecionamos como objeto de análise o caso das operárias da empresa têxtil Sogantal, buscando demonstrar a importância e a necessidade de se enquadrar determinados conceitos na construção da história social. Metodologicamente, mobilizaremos um debate sobre o estado da arte relacionado ao tema, bem como a relação de fontes institucionais e de jornais operários na teorização sobre a luta das operárias da empresa referida. Buscar-se-á aproximar a historiografia portuguesa e a academia brasileira, relação ainda pouco desenvolvida no campo da história contemporânea, mas, sobretudo, na história sobre mulheres.

Biographie de l'auteur-e

Pamela Peres Cabreira, Universidade Nova de Lisboa

Mestra em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Doutoranda em História Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa, em Portugal. Bolsista da Capes/Doutorado Pleno/Processo nº {88881.129278/2016-01}. Integrada ao Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais, vinculado ao Instituto de História Contemporânea da UNL.

Références

ALAMBERT, Zuleika. Feminismo: o ponto de vista marxista. São Paulo: Nobel, 1986.

ALMEIDA, Ana Nunes. As mulheres e a história da produção. Educação e Trabalho (As

Mulheres e o Trabalho), Portugal, n.32, pp. 16-22, 1984.

ALMEIDA, Ana Nunes. Mulheres e famílias operárias: a “esposa doméstica”. Análise Social,

Portugal, v. XXVII, n. 120, pp. 105-132, 1993.

ALMEIDA, Ana Nunes. Trabalho Feminino e estratégias familiares. Análise Social, Portugal,

v. XXI, n. 85, pp. 7-44, 1985.

ALVES, Paulo Marques. Da exclusão à sub-representação – dois séculos de relações

problemáticas entre sindicatos e mulheres. Jornal of studies on citizenship and sustainability,

Porto, v. 3, pp. 158-177, 2017.

ALVIM, Maria Helena Vilas-Boas e. A marquesa de Alorna e as cartas de exílio em Inglaterra.

Revista de Ciências Históricas Universidade Portucalense, Porto, v. IV, pp. 327-337, 1989.

ALVIM, Maria Helena Vilas-Boas e. A marquesa de Alorna: de defensora das Luzes a agente

contra-revolucionária. Revista de História das Ideias: Instituto de História e Teoria das Ideias,

Coimbra, n. 10, pp. 265-279, 1988.

ALVIM, Maria Helena Vilas-Boas e. Das donas e donzelas d’aquèm e além-Douro. O

Tripeiro, Portugal, 7 série, ano XVI, v. 3, pp. 79-85, 1997.

ARRUZZA, Cinzia. Considerações sobre gênero: reabrindo o debate sobre o patriarcado e/ou

capitalismo. Revista Outubro, v. 23, pp. 34-58, 2015.

BAPTISTA, Virgínia. As Mulheres no Mercado de Trabalho em Portugal: Representações

e Quotidianos (1890- 1940). Lisboa: CIDM, 1999.

BAPTISTA, Virgínia. Proteção e direito das mulheres trabalhadoras em Portugal – As

origens do Estado-Providência (1880-1943). 2012. Tese (Doutoramento) - Instituto

Universitário de Lisboa, Lisboa, 2012.

BAPTISTA, Virgínia. Proteção e Direitos das Mulheres Trabalhadoras em Portugal 1880-

Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2016.

BARRADAS, Ana. Feminismo anti-operário. História, Portugal, ano XX, n.11, pp. 48-55,

BETTENCOURT, Ana Maria. Mulheres Políticas: as Suas Causas. Lisboa: Quetzal, 1995.

ESTEVES, João Gomes. A Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Uma Organização

Política e Feminista (1909-1919). Lisboa: CIDM, 1991.

BRINCA, Pedro; BAÍA, Etelvina. Memórias da Revolução no Distrito de Setúbal: 25 anos

depois. Setúbal: Setúbal na Rede, 2001.CEREZALES, Diego Palacios. O poder caiu na rua, Crise de Estado e acção colectiva na

revolução portuguesa 1974-1975. Lisboa: ICS, 2003.

CHALHOUB, Sidney. Trabalho, bar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de

Janeiro da belle époque. Campinas: Editora Unicamp, 2012.

COSTA, Albérico Afonso. Setúbal, cidade vermelha 1974/1975. Sem perguntar ao Estado

qual o caminho a tomar. Setúbal: Estuário, 2017.

COUTO-POTACHE, Dejanirah. Les origines du féminisme em Portugal. Utopie et Socialisme

au Portugal au XIXe siècle, Actes du Colloque. jan. 1979. Paris, Fondation Calouste

Gulbenkian, Centre Culturel Portugais, pp. 449-478, 1982.

DELILLE, Maria Manuela Gouveia. Carolina Michaelis de Vasconcelos (1851-1925): Uma

alemã, mulher e erudita em Portugal. Biblos, Coimbra, v. LXI, 1985(a).

DELILLE, Maria Manuela Gouveia. Em memória de Ana Luísa Rodrigues de Freitas (1846-

. Rodrigues de Freitas. A obra e os contextos. Actas do Colóquio, outubro de 1996, Porto,

pp. 241-252, 1985(b).

DELPHY, Christine. Les Femmes dans les Etudes de Stratification. In: MICHEL, Andrée

(org.). Femmes Sexisme et Sociétés. Paris: Sociologie D’Aujourd’hui PUF, 1977.

DIAS, José Henriques. Mulheres no movimento operário nos alvores da Primeira República.

Faces de Eva, Lisboa, v. 3, pp. 61-79, 2000.

DUBY, Georges; PERROT, Michéle. As mulheres e a História. Dom Quixote, 1995.

ESTEVES, João Gomes. As origens do Sufragismo em Portugal. A Primeira Organização

Sufragista Portuguesa: a Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Lisboa: Editorial

Bizâncio, 1998.

FARGE, Arlette; PERROT, Michelle. Debate. In: DUBY, Georges; PERROT, Michelle (org.).

As mulheres e a história. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995.

FERREIRA, José Maria. Autogestão na Sogantal. In: RODRIGUES, Francisco Martins (org.).

O Futuro era agora: o movimento popular do 25 de Abril. Lisboa: Edições Dinossauro, 1994.

FERREIRA, Virgínia. Padrões de segregação das mulheres no emprego: Uma análise do caso

português no quadro europeu. In: SANTOS, Boaventura Sousa (org.). Portugal: Um Retrato

Singular. Porto: Afrontamento, 1993.

FIADEIRO, Maria Antónia. Maria Lamas (1893-1983), jornalista. Tentativa e tentação

bibliográfica. Dissertação (Mestrado). Universidade Aberta, Lisboa, 1999.

GUILLAUMIN, Collete. Sexe, race et pratique du pouvoir: L’idée de nature. Paris: Cotéfemmes,

GUIMARÃES, Elina. Mulheres Portuguesas Ontem e Hoje. Cadernos Condição Feminina,

v. 24, Lisboa: CIDM, 1989.

GUIMARÃES, Elina. Sete Décadas de Feminismo. Lisboa: CIDM, 1991.

HARTSOCK, Nancy. The feminist standpoint: developing the ground for a specifically

feminist historical materialism. In: HARDING, Sandra (org.). Feminism and Methodology.

Bloomington: Indiana University Press, 1987.HELENA, Maria; KONING, Marijke de. Lugares emergentes do sujeito-mulher: viagem

com Paulo Freire e Maria de Lourdes Pintassilgo. Porto: Edições Afrontamento, 2006.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Daniele. A classe operária tem dois sexos. Estudos

Feministas, v. 1, pp. 93-100, 1994.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. 25 de Abril – 40 Anos de Estatísticas. Lisboa:

Instituto Nacional de Estatística, 2014

JOAQUIM, Teresa. As Causas das Mulheres ou a Comunidade infigurável. Lisboa: Livros

Horizonte, 2006.

JOAQUIM, Teresa. O longo caminho das mulheres: feminismos 80 anos depois. Lisboa.

Publicações D. Quixote, 2007.

LOPES, Ana Maria Costa. Sexo e Género: Algumas notas epistemológicas para a análise da

mentalidade no século XIX. Ex ǣquo, Portugal, n.1, pp. 45-60, 1999.

MAGALHÃES, Maria José; et al (coord.). Quem tem medo dos feminismos? Coimbra: Nova

Delphi, 2008.

MAILER, Phil. Portugal: a revolução impossível? Lisboa: Antígona, 2018.

MARQUES, António Soares. Ana de Castro Osório e a literatura infanto-juvenil (subsídios

para um estudo). Beira Alta, Portugal, n. XLIX, 1990.

MATIAS, Maria Goretti. As mulheres operárias: as tabaqueiras (1865-1890). Boletim de

Estudos Operários, Lisboa, n.9, pp. 7-30, 1986.

MATIAS, Maria Goretti. As operárias do século XIX e o mito da eterna feminilidade.

Educação e Trabalho (As Mulheres e o Trabalho), Portugal, v. 32, pp. 23-27, 1984.

MAXWELL, Kenneth. O império derrotado: revolução e democracia em Portugal. São Paulo:

Companhia das Letras, 2006.

NUNES, Maria de Fátima. Angelina Vidal e o mundo do Trabalho. Apontamentos de um

discurso feminino. A mulher na Sociedade Portuguesa. Visão Histórica e Perspectivas

Actuais, Instituto de História Económica e Social, Faculdade de Letras, Coimbra, v.1, pp. 457-

, 1986.

OLIVEIRA, Luísa Tiago. Estudantes e Povo na Revolução: o Serviço Cívico estudantil

(1974-1977). Oeiras: Celta Editora, 2004.

PENA, Cristiana. A Revolução das Feministas Portuguesas (1972-1975). 2008. Dissertação

(Mestrado) - Universidade Aberta, Portugal, 2008.

PERISTA, Heloísa. Género e trabalho não pago: os tempos das mulheres e os tempos dos

homens. Análise Social, Portugal, v. 37, n. 163, pp. 447-474, 2002.

PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru: Editora da Universidade

do Sagrado Coração, 2005.

POMATA, Gianna. História das mulheres, história do género: observações sobre a Idade Média

e a Época Moderna na História das Mulheres no Ocidente. In: DUBY, Georges; PERROT,

Michelle (org.). As mulheres e a história. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995.REZOLA, Maria Inácia. 25 de Abril: mitos de uma revolução. Lisboa: A Esfera dos Livros,

RUIVO, Beatriz. A mulher e o poder profissional: a mulher em atividade de investigação

científica em Portugal. Análise Social, Portugal, n. XXII, v.92-93, pp. 669-680, 1986.

SCOTT, Joan W. Gender: A useful category of historical analysis. The American Historial

Review, v. 91, n.5, pp. 1053-1075, 1986.

SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Os estudos sobre as mulheres: a difícil interdisciplinaridade.

ex ǣquo [online], n.1, pp. 29-32, 1999. Disponível em: <https://exaequo.apemestudos.

org/artigo/os-estudos-sobre-as-mulheres-a-dificil-interdisciplinaridade>. Acesso em:

out. 2020.

SILVA, Maria Regina Tavares da. Heroínas da expansão e descobrimentos. Cadernos

Comissão Feminina, Lisboa, v. 31, 1989.

SILVA, Maria Regina Tavares da. Mulheres portuguesas. Vidas e obras celebradas. Vidas e

obras ignoradas. Boletim da Comissão da Condição Feminina, v. 4, pp. 37-51, 1981.

SILVA, Maria Regina Tavares da. A mulher. Bibliografia portuguesa anotada (1518-1998).

Lisboa: Edições Cosmos, 1999.

SMITH, Dorothy. The everday world as problematic: a feminist sociology. Boston:

Northeastern University Press, 1987.

SOUZA-LOBO, Elisabeth. A classe operária tem dois sexos: Trabalho, dominação e

resistência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2011.

STOLCKE, Verena. Mulheres e Trabalho. Estudos Cebrap, São Paulo, v. 26, 1990.

SUÁREZ, Miguel Ángel Pérez. Contra a exploração capitalista: Comissões de trabalhadores

e luta operária na Revolução Portuguesa (1974-1975). 2008. Dissertação (Mestrando em

História dos séculos XIX e XX) - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade

Nova de Lisboa, Lisboa, 2008.TAVARES, Manuela. Movimento de mulheres em Portugal –

décadas de 70 e 80. Lisboa: Livros Horizonte, 2000(b).

VAQUINHAS, Irene. Impacte dos estudos sobre as mulheres na produção científica nacional:

o caso da História. Ex ǣquo [online], n. 6, pp. 147-174, 2002. Disponível em:

<https://exaequo.apem-estudos.org/artigo/impacte-dos-estudos-sobre-as-mulheres-naproducao-

cientifica-nacional>. Acesso em: 22 out. 2020.

VARELA, Raquel. Ruptura e pacto social em Portugal (1974-2012). História e Perspectivas,

Uberlândia, n. 49, pp. 335-368, 2013.

VARELA, Raquel. História do Povo na revolução Portuguesa. Lisboa: Bertrand Editora,

VARELA, Raquel; PAÇO, António Simões; ALCÂNTARA, Joana. A revolução dos Cravos:

revolução e democracia, um debate. Outros Tempos, UEMA, v.11, n.17, 2014.

VIEIRA, A. Celeste. Mulheres em Luta: a educação e dinâmica de auto-organização das

empregadas domésticas portuguesas do sindicato do serviço doméstico (1960-1986). Porto:

Edições Afrontamento, 2018.

Téléchargements

Publié-e

2021-10-13