A CIVILIZAÇÃO PELO COMÉRCIO: UMA ANÁLISE DA RETÓRICA NO "DISCURSO SOBRE A PALAVRA BRAZIL" DE JOSÉ SILVESTRE REBELLO

Authors

  • Raphael Silva Fagundes Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Keywords:

IHGB, Retórica, Civilização, José Silvestre Rebello, Comércio,

Abstract

Este artigo analisa as estratégias argumentativas encontradas no “Discurso sobre a palavra Brazil” escrito por José Silvestre Rebello para destacar a vocação comercial do país. Compreenderemos esse discurso como um ato de fala que buscava levar os ouvintes e leitores a defenderem uma perspectiva de nação ligada ao projeto político sustentado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, projeto esse vinculado aos interesses das elites econômicas comerciais e à política de centralização monárquica na corte e na figura do imperador D. Pedro II. Tendo a retórica como “chave de leitura”, analisaremos como o erudito em questão articula retoricamente a palavra “Brazil” para dar consistência a este projeto político de nação ao qual estava ligado.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Raphael Silva Fagundes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em História Política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

References

Fontes Primárias:

BARBOSA, Januário da Cunha. “Qual seria hoje o melhor systema de colonisar os Indios

entranhados em nossos sertões; se conviria seguir o systema dos Jesuítas, fundando principalmente

na propagação do Christianismo, ou se outro do qual só esperam melhores resultados do que os

actuais”. R.IHGB, Rio de Janeiro, Tomo segundo, 3 ed, pp. 03-18, 1916. pp. 16-17. (1840).

Está reflexão está baseada no que Roland Barthes chama de óbvio (sentido do conjunto) e o obtuso (sentido do

detalhe). BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso: ensaios sobre fotografia, cinema, pintura, teatro e música. Trad: Léa

Novaes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990, p. 124.

CÍCERO, Marco Tulio. Do orador. In: SCATOLIN, Adriano. A invenção no do orador de Cícero: um estudo à luz de

Ad Familiares I,9,235. São Paulo: USP, 2009. (Tese de Doutorado), pp. 155-6.

CARVALHO, José Murilo de. “História intelectual no Brasil: a retórica como chave de leitura”. In: Topoi, Rio de

Janeiro, n. 1, pp. 123-152, 2000.

REBELLO, José Silvestre. “Discurso sobre a palavra Brasil”. R.IHGB Rio de Janeiro, 3 ed, Tomo I,

Imprensa Nacional, 1908. p. 234. (1839).

SÃO LEOPOLDO, Visconde de. “Discurso de abertura”. R.IHGB Rio de Janeiro, 3 ed, Tomo I,

Imprensa Nacional, 1908. p. 209. (1839).

SÃO LEOPOLDO, Visconde de. “O Instituto Histórico Brasileiro é o representante das ideias de

Ilustração, que em diferentes épocas se manifestaram neste continente”. R.IHGB, Rio de Janeiro, 2

ed, Tomo 1, 1856.

Livros:

ARISTÓTELES. Arte retórica e poética. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.

BARTHES, Roland. A Aventura semiológica. Trad: Mário Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes,

_______________. O óbvio e o obtuso: ensaios sobre fotografia, cinema, pintura, teatro e música.

Trad: Léa Novaes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

CÍCERO, Marco Tulio. Do orador. In: SCATOLIN, Adriano. A Invenção no Do Orador de Cícero:

um estudo à luz de Ad Familiares I,9,235. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 2009.

CHARAHDEAU, Patrick. O Discurso político. Trad: Fabiana Komesu e Dilson Ferreira da Cruz.

São Paulo: Contexto, 2006.

GUIMARÃES, Lucia Maria Paschoal. Debaixo da imediata proteção imperial: Instituto Histórico e

Geográfico Brasileiro (1838-1889). 2 ed. São Paulo: Annablume, 2011.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Trad.

Wilma Patrícia Maas. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.

MEYER, Michel. Questões de Retórica: linguagem, razão e sedução. Trad: António Hall. Lisboa:

Edições 70, 2007.

POCOCK, J. G. A. Linguagens do ideário político. São Paulo: EDUSP, 2003.

REBOUL, Olivier. Introdução à Retórica. Trad: Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins

Fontes, 2004.

Retórica a Herênio. Trad. e Int: Ana Paula Celestino Faria e Adriana Seabra. São Paulo: Hedra,

SKINNER, Quentin. Visões da política. Algés: DIFEL, 2005.

STAROBINSKI, Jean. As máscaras da civilização: ensaios. Tradução de Maria Lúcia Machado.

São Paulo: Cia das Letras, 2001.

WEHLING, Arno. Estado, história, memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional.

Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

Capítulos de livros:

AMOSSY, Ruth. O ethos na interação das disciplinas: retórica, pragmática, sociologia dos campos.

In: ____________. (org.). Imagens de Si no Discurso. Trad: Dilson Ferreira da Cruz, Fabiana

Komesu e Sírio Possenti. São Paulo: Contexto, 2005.

BENVENISTE, Émile. “Civilisation: contribution a l‟histoire du mot”. In: Hommage a Lucien

Febvre: Éventail de L’histoire Vivante. Paris: Librairie Armand Colin, 1953.

DASCAL, Marcelo. O ethos na argumentação: uma abordagem pragma-retórica. In: AMOSSY,

Ruth. (org.). Imagens de Si no Discurso. Trad: Dilson Ferreira da Cruz, Fabiana Komesu e Sírio

Possenti. São Paulo: Contexto, 2005.

FEBVRE, Lucien. Por une histoire à part entière. Paris: Éditions de L‟école dês Hautes Études em

Sciences Sociales, 1962.

GUIMARÃES, Manoel Salgado. A disputa pelo passado na cultura histórica oitocentista no Brasil.

In: José Murilo de Carvalho. (org.). Nação e cidadania no império: novos horizontes. Rio de

Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

JÚNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil Contemporâneo. 11 ed. São Paulo: Brasiliense, 1971.

KRAAY, Hendrik. Nação, Estado e política popular no Rio de Janeiro: rituais cívicos depois da

Independência. In: PAMPLONA, Marco A. e DOYLE, Don H. (orgs.) Nacionalismo no Novo

Mundo: a formação de Estados-nação no século XIX. Trad: Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro:

Record, 2008.

NOVAES, Adauto. Crepúsculo de uma civilização. In: ____________. (org.). Civilização e

barbárie. São Paulo: Cia das Letras, 2004.

OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles. Contribuição ao estudo do poder moderador. In: ________,

BITTENCOURT, Vera Lúcia Nagib e COSTA, Wilma Peres (orgs.). Soberania e conflito:

configuração do Estado nacional no Brasil do século XIX. São Paulo: Hucitec, 2009.

PLANTIN, Christian. Retórica. trad: Nílton Milanez. In: CHARAUDEAU, Patrick e

MAINGUENEAU, Dominique. (orgs.). Dicionário de análise do discurso. Trad: Fabiana Komesu.

São Paulo: Contexto, 2004.

SILVA, José Luiz Werneck da. A Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, matriz do Instituto

Histórico. In: WEHLING, Arno. (coord.) Origens do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro:

ideias filosóficas e sociais e estruturas de poder no Segundo Reinado. Rio de Janeiro: IHGB, 1989.

SKINNER, Quentin. Quentin Skinner. In: PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. As Muitas

Faces da História. São Paulo: UNESP, 2000.

Artigos em periódicos:

CARVALHO, José Murilo de. História intelectual no Brasil: a retórica como chave de leitura. In:

Topoi, Rio de Janeiro, n. 1, pp. 123-152, 2000.

Teses e dissertações:

FAGUNDES, Raphael Silva. O poder da persuasão: a retórica nas celebrações do Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro (1838-1850). Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UERJ,

Published

2021-07-28