DOS RETRATOS QUE EL-REY NÃO VIU: COMPADRIO ENTRE LIVRES E ESCRAVIZADOS NA OCUPAÇÃO DA AMÉRICA PORTUGUESA MERIDIONAL
Parole chiave:
escravidão, compadrio, elites coloniaisAbstract
O presente artigo trata sobre as relações de compadrio estabelecidas entre pessoas livres e escravizadas durante a integração do Rio Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul, ao complexo ultramarino português. Analisa-se a freguesia de Viamão entre 1747 e 1759, período em que a localidade recebeu diversas correntes migratórias e formou sua primeira elite escravista. Este recorte abarca o período em que a Coroa portuguesa fomentou a povoação da fronteira sul como forma de garantir a posse do território. O grande número de livres batizando filhos de escravos, unidos através do parentesco fictício grupos de procedências variadas presentes na colonização, foi importante para a fixação territorial e para a demarcação de poderes, colaborando para a expansão do império lusitano e dos valores de Antigo Regime. Discute-se a ideia de hierarquias sociais costumeiras e as relações entre senhores e escravos na localidade em questão. O principal corpus documental são as fontes produzidas em âmbito paroquial, em especial os registros de batismo e róis de confessadosRiferimenti bibliografici
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario Portuguez e Latino, Aulico, Anatomico, Architectonico, Bellico, Botanico, Brasilico, Comico, Critico, Dogmatico, etc. autorizado com exemplos dos melhores escriptores portuguezes e latinos, e oferecido a el-rey de Portugal D. João V. Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712 - 1728. 8 v. [Disponível em www.bbm.usp.br/pt-br/dicionarios]
Teses, artigos e livros
AQUINO, Israel. O infante protetor: redes sociais e estratégias familiares na construção da imagem de um jovem senhor (Viamão, 1747-1759). In: XIV Encontro Estadual de História- Anpuh-RS 2018. Disponível em: eeh2018.anpuh-rs.org.br/resources/anais/8/1529331815_ARQUIVO_textoANPUH.pdf. Acesso em 9 abr. 2020.
BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Os compadres e as comadres de escravos: um balanço da produção historiográfica brasileira. In: Anais do XXVI Simpósio Nacional de História- Anpuh 2011. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1307925540_ARQUIVO_Oscompadreseascomadresdeescravos.pdf. Acesso em 27 de maio de 2022.
_____. Criando porcos e arando a terra: família e compadrio entre os escravos de uma economia de abastecimento (São Luís do Paraitinga, Capitania de São Paulo, 1773-1840). In: 3º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional. Disponível em: http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos3/carlos%20de%20almeida%20prado.pdf. Acesso em 30 de maio de 2022.
BLANCO, Márcio Munhoz. Entre Luzias e Marianas: vivências familiares de mães solteiras escravas no mundo rural (Campos de Viamão, 1747- c.1760). In: COSTA, Hilton; HAMEISTER, Martha Daisson; MARQUES, Rachel dos Santos. Tecendo suas vidas: as mulheres na América portuguesa. São Leopoldo: Casa Leiria, 2017, pp. 167-183.
_____. Pelas veredas da senzala: família escrava e sociabilidades no mundo agrário (Campos de Viamão, c.1740- c.1760). Dissertação de Mestrado - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Porto Alegre, 2012.
BRÜGGER, Sílvia Maria Jardim. Minas patriarcal: família e sociedade (São João del Rei- séculos XVIII e XIX). São Paulo: Annablume, 2007.
_____. Compadrio e escravidão: uma análise do apadrinhamento de cativos em São João del Rey, 1730-1850. In: XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Disponível em: http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/view/1339/1303. Acesso em 31 mai. 2022.
FRAGOSO, João. E as plantations viraram fumaça: nobreza principal da terra, Antigo Regime e escravidão mercantil. In: História (São Paulo). São Paulo, volume 34, número 2, p.58-107, jul/dez. 2015.
_____. Capitão Manuel Pimenta Sampaio, senhor do engenho do Rio Grande, neto de conquistadores e compadre de João Soares, pardo: notas sobre uma hierarquia social costumeira (Rio de Janeiro, 1700-1760). In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). Na trama das redes: política e negócios no império português, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, p. 243-294.
_____. O capitão João Pereira Lemos e a parda Maria Sampaio: notas sobre as hierarquias rurais costumeiras no Rio de Janeiro do século XVIII. In: OLIVEIRA, Mônica Ribeiro de; ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de (orgs.). Exercícios de micro-história. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. p. 157- 207.
_____. Fidalgos e parentes de pretos: notas sobre a nobreza principal da terra do Rio de Janeiro (1600- 1750). In: FRAGOSO, João; ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de; SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. Conquistadores e negociantes: histórias de elites no Antigo Regime nos trópicos. América lusa, séculos XVI a XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 35- 120.
GARCIA, Elisa Frühauf. As diversas formas de ser índio: políticas indígenas e políticas indigenistas no extremo sul da América portuguesa. Tese de Doutorado - Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia Niterói, 2007.
GINZBURG, Carlo. O nome e o como. Troca desigual e mercado historiográfico. In: A micro-história e outros ensaios. Lisboa: Difel, 1989.
GUDEMAN, Stephen; SCHWARTZ, Stuart. Purgando o pecado original: compadrio e batismo de escravos na Bahia no século XVIII. In: REIS, João José. Escravidão e invenção da liberdade: estudos sobre o negro no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1988, p. 33-59.
HAMEISTER, Martha Daisson. Lançando aos leões: pensamentos imperfeitos na tentativa de contribuir com a definição de um conceito de família aplicável ao Extremo-sul do Estado do Brasil no século XVIII. In: SCOTT, Ana Sílvia Volpi et al. História da família no Brasil meridional: temas e perspectivas. São Leopoldo: Óikos; Editora Unisnos, 2014, p. 75-109.
_____. Para dar calor à nova povoação: estudo sobre estratégias sociais e familiares a partir de registros batismais da vila do Rio Grande (1738-1763). Tese de Doutorado- Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Rio de Janeiro, 2006.
_____. O continente do Rio Grande de São Pedro: os homens, suas redes de relações e suas mercadorias semoventes (c.1727- c.1763). Dissertação de Mestrado - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Rio de Janeiro, 2002.
KÜHN, Fábio. Gente da fronteira: família, sociedade e poder no sul da América Portuguesa - século XVIII. Tese de Doutorado - Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia Niterói, 2006.
LEVI, Giovanni. Sobre a micro-história. In: BURKE, Peter (org). A escrita da história: novas perspectivas. 1ª edição. São Paulo: Editora Unesp, 1992, p. 133-161.
OLIVEIRA, Victor Luiz Alvares. Filhos naturais e elites das senzalas: compadrios e hierarquias sociais em uma freguesia rural do Rio de Janeiro (1691-1721). In: Revista 7 mares. Niterói, volume 2, número 4, p.59-76, junho. 2014.
OSÓRIO, Helen. O império português no sul da América: estancieiros, lavradores e comerciantes. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007.
RAMOS, Donald. Teias sagradas e profanas: o lugar do batismo e compadrio na sociedade de Vila Rica durante o século do ouro. In: Varia História. Belo Horizonte, volume 20, nº 31, p. 41-68, janeiro. 2004.
RAZZERA, Márcio Blanco. Das mãos que amainam o gado e lavram a terra: escravidão, população e trabalho em Viamão (1747-1759). In: Aedos. No prelo.
RIBEIRO, Mônica da Silva. “Razão de Estado” na cultura política moderna: o império português, anos 1720-1730. In: ABREU, Martha; SOIHET, Rachel; GONTIJO, Rebeca (orgs). Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de História. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p.131-154.
SILVA, Augusto da. Rafael Pinto Bandeira: de bandoleiro a governador. Relações entre os poderes público e privado em Rio Grande de São Pedro. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Porto Alegre, 1999.
##submission.downloads##
Pubblicato
Fascicolo
Sezione
Licenza
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação;
As opiniões emitidas pelos autores são de sua exclusiva responsabilidade e não refletem a opinião da Ars Historica.