As juventudes do Grande Bom Jardim e a territorialidade: uma revisão narrativa
DOI:
https://doi.org/10.54948/desidades.v1i39.57720Palavras-chave:
juventudes, Violência Armada, necropolítica, saúde, educaçãoResumo
O Grande Bom Jardim é uma área da periferia da cidade de Fortaleza-CE, que possui um contexto de violência e extermínio da juventude residente nesta localidade. O objetivo do estudo foi mapear o conhecimento produzido na literatura sobre as juventudes do Grande Bom Jardim e como elas são afetadas pela violência armada. Utilizamos uma abordagem qualitativa e como método de pesquisa a revisão narrativa. Os resultados encontrados foram apresentados em dois tópicos, um sobre “A política de morte das juventudes no GBJ”, e outro sobre “As facções criminosas e as juventudes do GBJ”. Realizamos as análises dos resultados à luz de autores como Foucault (2022), Mbembe (2016) e Bento (2018). Percebemos que a juventude do GBJ vive em uma situação de subcidadania onde direitos fundamentais estabelecidos pelo ECA são negados e esses jovens tornam-se alvos prioritários da política de promoção de mortes, justificadas pelo estigma de “envolvido”.Referências
ALENCAR, F. A. B. “Envolvidos” na necropolítica: trajetórias e cotidianos de adolescentes e jovens em cumprimento de medida socioeducativa. 2019. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2019.
AGUIAR, L. Estudantes são proibidos por facções de frequentar escola em Messejana. O povo. Fortaleza. 24 nov. 2021. Disponível em: <https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2021/11/24/estudantes-saoproibidosPorfaCco
es-de-frequentar-escolaemmessejana.Html>. Acesso em: 06 mar. 2023.
BARROS, J. P. P.; DA SILVA, D. B.; ALENCAR, F. A. B. Maquinarias de guerra e mortes juvenis nas periferias do Ceará. Revista de Psicologia, v. 12, n. 1, p. 23-36, jan. 2021. Disponível em: <http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/44561>. Acesso em: 05 mar. 2023.
BENÍCIO, L. F. S. et al. Necropolítica e Pesquisa-Intervenção sobre Homicídios de Adolescentes. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 38, n. esp. 2, p. 192-207, 2018. Disponível em:
pt>. Acesso em: 10 out. 2022.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 2016 (Original de 1988).
______. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Lei nº 8.069, 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União. 1990. Disponível em: <https://cutt.ly/yECVBmB>. Acesso em: 6 out. 2022.
BRASIL, G.; SANTIAGO, E. M.; BRANDÃO, M. D. A banalidade da violência policial contra jovens pobres, pretos e periféricos na cidade de Fortaleza. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, v. 13, n. 1, p. 169-193, 2020. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/17733/18105>. Acesso em: 14 nov. 2022.
BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
CAVALCANTE, L. F.; BARROS, J. P. P. Violência urbana e juventudes: efeitos da necropolítica no cotidiano de escolas públicas de contextos periféricos de Fortaleza. In: Anais eletrônicos... Salvador, 2019. Disponível em: <https://lavits.org/wp-content/uploads/2019/12/Cavalcante_Barros-2019-LAVITS.pdf>. Acesso em: 06 out. 2022.
CAVALCANTE, L. F. et al. Efeitos psicossociais da violência armada no cotidiano de estudantes de uma escola pública da periferia de Fortaleza. Revista Interdisciplinar Encontro das Ciências, v. 5, n. 1, p. 26-44, 2022. Disponível em: <https://riec.univs.edu.br/index.php/riec/article/view/243>. Acesso em: 05 mar. 2023.
CERQUEIRA, D. et al. Atlas da Violência 2021. São Paulo: FBSP, 2021. Disponível em: <https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/12/atlas-violencia-2021-v7.pdf>. Acesso em: 10 out. 2022.
COIMBRA, C. M. B. Direitos humanos e criminalização da pobreza. I Seminário internacional de direitos humanos, violência e pobreza: a situação de crianças e adolescentes na América Latina hoje, 2006, Rio de Janeiro. Mesa Redonda. Rio de Janeiro: UERJ, 2006. p. 1 - 13. Disponível em: <https://app.uff.br/observatorio/uploads/Direitos_Humanos_e_Criminaliza%C3%A7%C3%A3 o_da_Pobreza.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2018.
COLAÇO, V. de F. R. et al. Aproximações do Campo-tema Juventude e Violência na Periferia de Fortaleza. Estudos e Pesquisas em Psicologia. Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 474-493, ago. 2021. Disponível em: . Acesso em: 03 mar. 2023.
ESCOLA em Fortaleza pichada com ameaças a professores segue com aulas suspensas. G1 CE, Fortaleza, 30 jan. 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/escola
-em-fortaleza-que-foi-pichada-com-ameacas-a-professores-segue-com-aulas-suspensas.ghtml>. Acesso em: 06 mar. 2023.
FORTALEZA. Desenvolvimento Humano, por bairro, em Fortaleza. Prefeitura Municipal de Fortaleza. 2014. Disponível em: <https://fliphtml5.com/zvaiq/txju/basic>. Acesso em: 10 out. 2022.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: Curso dado no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.
______. Nascimento da biopolítica. Curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2022 (Original de 1979).
GOMES, P. I. J. Território, violência e tráfico de drogas ilícitas em Montes Claros/MG. 2016. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2016.
GROPPO, A. L. Juventudes e educação sociocomunitária: roteiros de investigação. EccoS Rev. Cient., São Paulo, n. 32, p. 51-66, set./dez. 2013. Disponível em: <https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=71530929004>. Acesso em: 10 jan. 2023.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/apps/atlas/#/ home>. Acesso em: 22 de set. 2022.
IPLANFOR. INSTITUTO DE PLANEJAMENTO DE FORTALEZA. Fortaleza em mapas. Prefeitura Municipal de Fortaleza. Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), 2018. Disponível em: . Acesso em: 22 de set. 2022.
LIMA, M. A. O. JUVENTUDES: conceito de características e complexidades históricas, culturais, sociais e políticas. Cadernos Zygmunt Bauman, [S. l.], v. 11, n. 26, 2021. Disponível em: <https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bauman/article/view/17605>. Acesso em: 8 fev. 2024.
MBEMBE, A. Necropolítica. Arte & Ensaios, Rio de Janeiro, v.1, n. 32, p. 123-151, 2016. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993/7169>. Acesso em: 22 set. 2022.
MORADORES abandonam casas e comércios no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza, por temor de grupos criminosos. G1 CE, Fortaleza, 19 jun. 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2020/06/19/moradores-abandonam-casas-e-comercios-no-bairro-bom-jardim-em-fortaleza-por-temor-de-grupos-criminosos.ghtml>. Acesso em: 08 mar. 2023.
OLIVEIRA, A. L. T. de. Mestra Joana Cavalcante e o Maracatu Baque Mulher: protagonismo e empoderamento feminino na reconstrução da cultura afro-brasileira. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2023.
OLIVEIRA, S. A violência que tira o direito à educação. O Povo online, Fortaleza, 2018. Disponível em: <https://www.opovo.com.br/jornal/reportagem/2018/04/a-violencia-que-tira-o-direito-a-educacao.html>. Acesso em: 10 dez. 2022.
PAIVA, L. F. S. “Aqui não tem gangue, tem facção”: as transformações sociais do crime em Fortaleza. Caderno CRH, [S. l.], v. 32, n. 85, p. 165–184, 2019. Disponível em: <https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/26375>. Acesso em: 09 fev. 2023.
______. O Domínio das Facções nas Periferias de Fortaleza-CE. Revista TOMO, [S. l.], n. 40, p. 87, 2022. Disponível em: <https://periodicos.ufs.br/tomo/article/view/16711>. Acesso em: 10 out. 2022.
PASSOS, L. M.; DE CARVALHO, A. M. P. Medo e insegurança nas margens urbanas: uma interpretação do “viver acuado” em territórios estigmatizados do Grande Bom Jardim. O público e o privado, v. 13, n. 26, jul./dez., p. 233-259, 2015. Disponível em: <https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/2488>. Acesso em: 10 out. 2022.
RODRIGUES, J. S.; BARROS, J. P. P. Políticas de morte e precarização da vida: relato de mães sobre os homicídios juvenis em Fortaleza (CE). In: Anais eletrônicos... Salvador, 2019. Disponível em: <https://lavits.org/wp-content/uploads/2019/12/Rodrigues_Barros-2019-LAVITSS.pdf>. Acesso em: 10 out. 2022.
ROTHER, E. T. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, v. 20, n. 2, 2007. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001>. Acesso em: 20 out. 2022.
SANTOS, M. et al. Território, Globalização e Fragmentação. 5 ed. SP: Hucitec Anpuz, 2002.
SILVA FILHO, F.; MARIANO, C. M. Fronteiras invisíveis e deslocamentos forçados: impactos da “guerra” de facções na periferia de Fortaleza (Ceará, Brasil). Revista Direito e Práxis, v. 1, p. 1, 2020. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rdp/a/3jvGCRkRyDPr8p4vXMrnTmw/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 20 out. 2022.
UNICEF. O mapa dos homicídios de adolescentes em Fortaleza. 2020. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/relatorios/plataforma-dos-centros-urbanos-2017-2020/o-mapa
-homicidios-adolescentes-fortaleza>. Acesso em: 16 out. 2022.
VIANA, H. Disputas entre facções impedem que crianças se vacinem em Fortaleza; 'a gente não pode passar': Falta de segurança pública se soma a outros vários motivos que fragilizam o acesso à saúde. Diário do Nordeste, 21 nov. 2022. Disponível em: <https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/ceara/disputas-entre-faccoes-impedem-que-criancas-se-vacinem-em-fortaleza-a-gente-nao-pode-passar-1.3301655>. Acesso em: 08 mar. 2023.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 DESIDADES - Revista Científica da Infância, Adolescência e Juventude
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Todo o conteúdo da Revista está licenciado sob a Licença Creative Commons BY NCND 4.0.
