“Vem todo mundo! Vamos fazer a capoeira juntos!” relações de idade e gênero e cultura lúdica na Educação Infantil

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v0i32.46371

Palabras clave:

Educação Infantil, idade e gênero, cultura lúdica, culturas infantis, decolonização

Resumen

O artigo aborda as relações de idade e gênero entre crianças pequenas da Educação Infantil em diálogo com a cultura lúdica, preceituando que sejam oportunizadas e incentivadas manifestações lúdicas que, ensejadas por um protagonismo infantil, permitam a (re)elaboração de uma cultura lúdica enriquecida pelas diferenças etárias e de gênero entre as crianças, valendo-se da cultura lúdica para conhecer, construir, questionar, modificar e transgredir elementos culturais sociais existentes. Embasando-se nos Estudos Sociais da Infância discute-se idade e gênero enquanto categorias identitárias utilizadas para classificar, normatizar e colonizar crianças e adultas/os na Educação Infantil. O texto analisa, fundamentado em pesquisa qualitativa caracterizada por um estudo de caso etnográfico, de que forma as relações entre crianças de diferentes idades e gêneros ultrapassam os modelos etapistas, idadistas e sexistas, revelando que tais diferenças diversificam suas relações e brincadeiras, e que a experiência multietária caracteriza-se como prazerosa e propositiva na dinamização das suas produções culturais.

 

Biografía del autor/a

Patrícia Dias Prado, Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação, São Paulo, Brasil

Profa. Dra. da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) na área da Infância.Departamento de Metodologia de Ensino e Educação Comparada (EDM).Mestra e Doutora em Educação, FE-UNICAMP.Pós-doutora em Artes Cênicas, ECA-USP.Coordenadora do Grupo de Pesquisa (CNPq) Pesquisa e Primeira Infância: linguagens e culturas infantis (FEUSP).

Tatiana Renzo Fonseca, Rede Municipal de Educação, Campinas, São Paulo, Brasil

Mestra pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) na área das Ciências Sociais e Educação. Membro do Grupo de Pesquisa (CNPq) Pesquisa e Primeira Infância: linguagens e culturas infantis (FEUSP).

Professora de Educação Infantil da Rede Municipal de Campinas-SP. 

 

Citas

ABRAMOWICZ, A. A pesquisa com crianças em infâncias e a Sociologia da Infância. In: FARIA, A. L.; FINCO, D. (Orgs.). Sociologia da Infância no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2011. p. 17-35.

ABRAMOWICZ, A.; TEBET, G. Educação Infantil: um balanço a partir do campo das diferenças. Pro-Posições, Campinas, v. 28, p. 182-203, 2017.

AQUINO, L. Educação da infância e pedagogias descolonizadoras: reflexões a partir do debate sobre identidades. In: FARIA, A. L. et al. (Org.). Infâncias e pós-colonialismo: pesquisas em busca de pedagogias descolonizadoras. Campinas: Leitura Crítica/ALB, 2015, p. 95-105.

ARENHART, D. Contribuições de Florestan Fernandes ao estudo das culturas infantis. Revista Sociologia da Educação, Rio de Janeiro, v. 2, p. 32-53, 2010.

BELOTTI, E. Educar para a submissão: o descondicionamento da mulher. Petrópolis: Vozes, 1987.

BENJAMIN, W. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Duas Cidades, 2002.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, D.F.: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.

BROUGÈRE, G. A criança e a cultura lúdica. Revista da Faculdade de Educação, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 103-116, 1998.

BUFALO, J. O imprevisto previsto. Pro-Posições, Campinas, v. 10, n. 1, p. 119-131, 1999.

BUSS-SIMÃO, M. Relações sociais de gênero na perspectiva de crianças pequenas na creche. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 148, p. 176-197, 2013.

CAHILL, S. E. Language practices and self-definition: the case of gender identity acquisition. The Sociological Quarterly, v. 27, n. 3, p. 295-311, 1986.

CAILLOIS, R. Jeux et sports. Paris: Encyclopédie de la Pléiade, 1967.

CAILLOIS, R. Los juegos y los hombres: la máscara y el vértigo. México, D. F.: Fondo de Cultura Económica, 1986.

CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. 6. ed. Brasília: MEC/SEB, 2009.

CHATEAU, J. Le jeu de l’enfant après trois ans. 2. ed. Paris: Vrin, 1947.

COLLINS, P. Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória. Parágrafo, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 7-17, 2017.

CORSARO, W. A. A reprodução interpretativa no brincar ao “faz-de-conta” das crianças. Educação, Sociedade e Cultura, Porto, n. 17, p. 113-134, 2002.

______. Métodos etnográficos no estudo da cultura de pares e das transições iniciais na vida das crianças. In: MULLER, F.; CARVALHO, A. M. (Orgs.). Teoria e prática na pesquisa com crianças: diálogos com William Corsaro. São Paulo: Cortez, 2009. p. 83-103.

CRENSHAW, K. Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. The University of Chicago Legal Forum, Chicago, n. 140, p. 139-167, 1989.

DAVIS, K. Intersectionality as buzzword, a sociology of science perspective on what makes a feminist theory successful. Feminist Theory, v. 9, n. 1, p. 67-85, 2008.

DELGADO, A. C.; MÜLLER, F. Em busca de metodologias investigativas com as crianças e suas culturas. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 125, p. 161-179, 2005.

FARIA, A. L. O espaço físico como um dos elementos fundamentais para uma pedagogia da Educação Infantil. In: FARIA, A. L.; PALHARES, M. S. (Orgs.). Educação pós-LDB: rumos e desafios. Campinas: Autores Associados/FE-UNICAMP, 1999. p. 67-98.

FARIA, A. L.; DEMARTINI, Z. B.; PRADO, P. D. (Orgs.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2009.

FERNANDES, F. As “trocinhas” do Bom Retiro. In: FERNANDES, F. Folclore e mudança social na cidade de São Paulo. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 229-250.

FINCO, D. A educação dos corpos femininos e masculinos na Educação Infantil. In: FARIA, A. L. (Org.). O coletivo infantil em creches e pré-escolas: falares e saberes. São Paulo: Cortez, 2007. p. 94-119.

FINCO, D. Educação infantil, espaços de confronto e convívio com as diferenças: análise das interações entre professoras e meninas e meninos que transgridem as fronteiras de gênero. 2010. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

FONSECA, T. R. “Eu prefiro ser pequena... porque eu sou pequena!”: relações de idade entre meninas e meninos da Educação Infantil. 2021. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.

GOBBI, M. Lápis vermelho é de mulherzinha. Vinte anos depois... In: FINCO, D.; GOBBI, M.; FARIA, A. L. (Orgs.). Creche e feminismo: desafios atuais para uma educação descolonizadora. Campinas: Leitura Crítica/ALB; São Paulo: FCC, 2015. p. 136-161.

GRILLO, R.; SANTOS RODRIGUES, G.; NAVARRO, E. Cultura lúdica: uma revisão conceitual à luz das ideias dos intelectuais dos

estudos de jogo, cultura de jogo e cultura do lúdico. Arquivos em Movimento, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 174-193, 2019.

HIRATA, H. Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo soc., São Paulo, v. 26, n. 1, p. 61-73, 2014.

HOUAISS. Pequeno dicionário Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Moderna, 2015.

LARROSA, J. Experiência e alteridade em educação. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 19, n. 2, p. 4-27, 2011.

LIMA, M. A cidade e a criança. São Paulo: Nobel, 1989.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2. ed. São Paulo: EPU, 2013.

LUGONES, M. Rumo a um feminismo descolonial. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014.

MARCHI, R. C. Pesquisa etnográfica com crianças: participação, voz e ética. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 43, n. 2, p. 727-746, 2018.

MARTINS FILHO, A. J.; PRADO, P. D. (Orgs.). Das pesquisas com crianças à complexidade da infância. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2021.

MARTUCCI, E. Estudo de caso etnográfico. Revista de Biblioteconomia de Brasília, v. 25, n. 2, p. 167-180, 2001.

MIGUEL, A. Exercícios descolonizadores a título de prefácio: isto não é um prefácio e nem um título. In: FARIA, A. L. et al. (Orgs.). Infâncias e pós-colonialismo: pesquisas em busca de pedagogias descolonizadoras. Campinas: Leitura Crítica/ALB, 2015. p. 25-53.

MOTA NETO, J. C. Por uma pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno do pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda. Curitiba: CRV, 2020.

MOTTA, A. B. As dimensões de gênero e classe social na análise do envelhecimento. Cadernos Pagu, Campinas, n. 13, p. 191-221, 1999.

NOAL, M. L. As crianças Guarani/Kaiowá: o mitã reko na Aldeia Pirakuá/MS. 2006. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.

NUNES, M. D. Mandingas da infância: as culturas das crianças pequenas na escola municipal Malê Debalê, em Salvador/BA. 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

PEREIRA, A. O. Amigues: um estudo interseccional das práticas de amizade na Educação Infantil. 2020. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2020.

PRADO, P. D. As crianças pequenininhas produzem cultura? Considerações sobre educação e cultura infantil em creche. Pro-Posições, Campinas, v. 10, n. 1, p. 110-118, 1999.

PRADO, P. D. Contrariando a idade: condição infantil e relações etárias entre crianças pequenas da Educação Infantil. 2006. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.

PRADO, P. D.; ANSELMO, V. S. Masculinidades, feminilidades e dimensão brincalhona: reflexões sobre gênero e docência na Educação Infantil. Pro-Posições, Campinas, v. 30, p. 1-21, 2019.

PROST, A. Jeux et jouets. Présence Africaine, n. 8-9, p. 241-248, 1950.

RESTREPO, E.; ROJAS, A. Inflexión decolonial: fuentes, conceptos y cuestionamientos. Popayãn: Universidad del Cauca, 2010.

ROSEMBERG, F. Teorias de gênero e subordinação de idade: um ensaio. Pro-Posições, Campinas, v. 7, n. 3, p. 17-23, 1997.

SANTIAGO, F. “Não é nenê, ela é preta”: educação infantil e pensamento interseccional. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 36, p. 1-25, 2020.

SANTIAGO, F.; SOUZA, M. L.; FARIA, A. L. G. Pedagogia da infância no Brasil e na Itália: a criança em contextos interculturais marcados historicamente pelo racismo. EccoS: Rev. Cient., São Paulo, n. 51, p. 1-23, 2019.

SANTOS, R. F. A protagonista da história: a literatura infantil negra. 2021. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021.

SARMENTO, M. J. Sociologia da Infância: correntes e confluências. In: SARMENTO, M. J.; GOUVÊA, M. (Orgs.). Estudos da Infância: educação e práticas sociais. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 17-39.

SARMENTO, M. J. O estudo de caso etnográfico em educação. In: ZAGO, N.; CARVALHO, M.; VILELA, R. (Orgs.). Itinerários de pesquisa: perspectivas qualitativas em sociologia da educação. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011. p. 137-179.

SAYÃO, D. Pequenos homens, pequenas mulheres? Meninos, meninas? Algumas questões para pensar as relações entre gênero e infância. Pro-Posições, Campinas, v. 14, n. 3, p. 67-88, 2003.

SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.

SOUZA, E.; SANTIAGO, F.; FARIA, A. L. G. As culturas infantis interrogam a formação docente: tessituras para a construção de pedagogias descolonizadoras. Revista Linhas, Florianópolis, v. 19, n. 39, p. 80-102, 2018.

SPIVAK, G. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.

VEIGA NETO, A. As temporalidades do corpo: (material)idades, (divers)idades, (corporal)idades, (ident)idades... In: AZEVEDO, J. et al. (Orgs.). Utopia e democracia na educação cidadã. Porto Alegre: Editora da UFRGS/SME, 2000. p. 215-234.

VIANNA, C.; FINCO, D. Meninas e meninos na Educação Infantil: uma questão de gênero e poder. Cad. Pagu, Campinas, n. 33, p. 265-283, 2009.

Publicado

2022-06-03

Número

Sección

TEMAS SOBRESSALIENTES - SECCIÓN TEMÁTICA - JUEGOS Y CULTURA LÚDICA EN LAS INFANCIAS Y JUVENTUDES LATINOAMERICANAS