“Vem todo mundo! Vamos fazer a capoeira juntos!” relações de idade e gênero e cultura lúdica na Educação Infantil
DOI:
https://doi.org/10.54948/desidades.v0i32.46371Palabras clave:
Educação Infantil, idade e gênero, cultura lúdica, culturas infantis, decolonizaçãoResumen
O artigo aborda as relações de idade e gênero entre crianças pequenas da Educação Infantil em diálogo com a cultura lúdica, preceituando que sejam oportunizadas e incentivadas manifestações lúdicas que, ensejadas por um protagonismo infantil, permitam a (re)elaboração de uma cultura lúdica enriquecida pelas diferenças etárias e de gênero entre as crianças, valendo-se da cultura lúdica para conhecer, construir, questionar, modificar e transgredir elementos culturais sociais existentes. Embasando-se nos Estudos Sociais da Infância discute-se idade e gênero enquanto categorias identitárias utilizadas para classificar, normatizar e colonizar crianças e adultas/os na Educação Infantil. O texto analisa, fundamentado em pesquisa qualitativa caracterizada por um estudo de caso etnográfico, de que forma as relações entre crianças de diferentes idades e gêneros ultrapassam os modelos etapistas, idadistas e sexistas, revelando que tais diferenças diversificam suas relações e brincadeiras, e que a experiência multietária caracteriza-se como prazerosa e propositiva na dinamização das suas produções culturais.
Citas
ABRAMOWICZ, A. A pesquisa com crianças em infâncias e a Sociologia da Infância. In: FARIA, A. L.; FINCO, D. (Orgs.). Sociologia da Infância no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2011. p. 17-35.
ABRAMOWICZ, A.; TEBET, G. Educação Infantil: um balanço a partir do campo das diferenças. Pro-Posições, Campinas, v. 28, p. 182-203, 2017.
AQUINO, L. Educação da infância e pedagogias descolonizadoras: reflexões a partir do debate sobre identidades. In: FARIA, A. L. et al. (Org.). Infâncias e pós-colonialismo: pesquisas em busca de pedagogias descolonizadoras. Campinas: Leitura Crítica/ALB, 2015, p. 95-105.
ARENHART, D. Contribuições de Florestan Fernandes ao estudo das culturas infantis. Revista Sociologia da Educação, Rio de Janeiro, v. 2, p. 32-53, 2010.
BELOTTI, E. Educar para a submissão: o descondicionamento da mulher. Petrópolis: Vozes, 1987.
BENJAMIN, W. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Duas Cidades, 2002.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, D.F.: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.
BROUGÈRE, G. A criança e a cultura lúdica. Revista da Faculdade de Educação, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 103-116, 1998.
BUFALO, J. O imprevisto previsto. Pro-Posições, Campinas, v. 10, n. 1, p. 119-131, 1999.
BUSS-SIMÃO, M. Relações sociais de gênero na perspectiva de crianças pequenas na creche. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 148, p. 176-197, 2013.
CAHILL, S. E. Language practices and self-definition: the case of gender identity acquisition. The Sociological Quarterly, v. 27, n. 3, p. 295-311, 1986.
CAILLOIS, R. Jeux et sports. Paris: Encyclopédie de la Pléiade, 1967.
CAILLOIS, R. Los juegos y los hombres: la máscara y el vértigo. México, D. F.: Fondo de Cultura Económica, 1986.
CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. 6. ed. Brasília: MEC/SEB, 2009.
CHATEAU, J. Le jeu de l’enfant après trois ans. 2. ed. Paris: Vrin, 1947.
COLLINS, P. Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória. Parágrafo, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 7-17, 2017.
CORSARO, W. A. A reprodução interpretativa no brincar ao “faz-de-conta” das crianças. Educação, Sociedade e Cultura, Porto, n. 17, p. 113-134, 2002.
______. Métodos etnográficos no estudo da cultura de pares e das transições iniciais na vida das crianças. In: MULLER, F.; CARVALHO, A. M. (Orgs.). Teoria e prática na pesquisa com crianças: diálogos com William Corsaro. São Paulo: Cortez, 2009. p. 83-103.
CRENSHAW, K. Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. The University of Chicago Legal Forum, Chicago, n. 140, p. 139-167, 1989.
DAVIS, K. Intersectionality as buzzword, a sociology of science perspective on what makes a feminist theory successful. Feminist Theory, v. 9, n. 1, p. 67-85, 2008.
DELGADO, A. C.; MÜLLER, F. Em busca de metodologias investigativas com as crianças e suas culturas. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 125, p. 161-179, 2005.
FARIA, A. L. O espaço físico como um dos elementos fundamentais para uma pedagogia da Educação Infantil. In: FARIA, A. L.; PALHARES, M. S. (Orgs.). Educação pós-LDB: rumos e desafios. Campinas: Autores Associados/FE-UNICAMP, 1999. p. 67-98.
FARIA, A. L.; DEMARTINI, Z. B.; PRADO, P. D. (Orgs.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2009.
FERNANDES, F. As “trocinhas” do Bom Retiro. In: FERNANDES, F. Folclore e mudança social na cidade de São Paulo. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 229-250.
FINCO, D. A educação dos corpos femininos e masculinos na Educação Infantil. In: FARIA, A. L. (Org.). O coletivo infantil em creches e pré-escolas: falares e saberes. São Paulo: Cortez, 2007. p. 94-119.
FINCO, D. Educação infantil, espaços de confronto e convívio com as diferenças: análise das interações entre professoras e meninas e meninos que transgridem as fronteiras de gênero. 2010. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
FONSECA, T. R. “Eu prefiro ser pequena... porque eu sou pequena!”: relações de idade entre meninas e meninos da Educação Infantil. 2021. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.
GOBBI, M. Lápis vermelho é de mulherzinha. Vinte anos depois... In: FINCO, D.; GOBBI, M.; FARIA, A. L. (Orgs.). Creche e feminismo: desafios atuais para uma educação descolonizadora. Campinas: Leitura Crítica/ALB; São Paulo: FCC, 2015. p. 136-161.
GRILLO, R.; SANTOS RODRIGUES, G.; NAVARRO, E. Cultura lúdica: uma revisão conceitual à luz das ideias dos intelectuais dos
estudos de jogo, cultura de jogo e cultura do lúdico. Arquivos em Movimento, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 174-193, 2019.
HIRATA, H. Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo soc., São Paulo, v. 26, n. 1, p. 61-73, 2014.
HOUAISS. Pequeno dicionário Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Moderna, 2015.
LARROSA, J. Experiência e alteridade em educação. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 19, n. 2, p. 4-27, 2011.
LIMA, M. A cidade e a criança. São Paulo: Nobel, 1989.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2. ed. São Paulo: EPU, 2013.
LUGONES, M. Rumo a um feminismo descolonial. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014.
MARCHI, R. C. Pesquisa etnográfica com crianças: participação, voz e ética. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 43, n. 2, p. 727-746, 2018.
MARTINS FILHO, A. J.; PRADO, P. D. (Orgs.). Das pesquisas com crianças à complexidade da infância. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2021.
MARTUCCI, E. Estudo de caso etnográfico. Revista de Biblioteconomia de Brasília, v. 25, n. 2, p. 167-180, 2001.
MIGUEL, A. Exercícios descolonizadores a título de prefácio: isto não é um prefácio e nem um título. In: FARIA, A. L. et al. (Orgs.). Infâncias e pós-colonialismo: pesquisas em busca de pedagogias descolonizadoras. Campinas: Leitura Crítica/ALB, 2015. p. 25-53.
MOTA NETO, J. C. Por uma pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno do pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda. Curitiba: CRV, 2020.
MOTTA, A. B. As dimensões de gênero e classe social na análise do envelhecimento. Cadernos Pagu, Campinas, n. 13, p. 191-221, 1999.
NOAL, M. L. As crianças Guarani/Kaiowá: o mitã reko na Aldeia Pirakuá/MS. 2006. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.
NUNES, M. D. Mandingas da infância: as culturas das crianças pequenas na escola municipal Malê Debalê, em Salvador/BA. 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
PEREIRA, A. O. Amigues: um estudo interseccional das práticas de amizade na Educação Infantil. 2020. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2020.
PRADO, P. D. As crianças pequenininhas produzem cultura? Considerações sobre educação e cultura infantil em creche. Pro-Posições, Campinas, v. 10, n. 1, p. 110-118, 1999.
PRADO, P. D. Contrariando a idade: condição infantil e relações etárias entre crianças pequenas da Educação Infantil. 2006. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.
PRADO, P. D.; ANSELMO, V. S. Masculinidades, feminilidades e dimensão brincalhona: reflexões sobre gênero e docência na Educação Infantil. Pro-Posições, Campinas, v. 30, p. 1-21, 2019.
PROST, A. Jeux et jouets. Présence Africaine, n. 8-9, p. 241-248, 1950.
RESTREPO, E.; ROJAS, A. Inflexión decolonial: fuentes, conceptos y cuestionamientos. Popayãn: Universidad del Cauca, 2010.
ROSEMBERG, F. Teorias de gênero e subordinação de idade: um ensaio. Pro-Posições, Campinas, v. 7, n. 3, p. 17-23, 1997.
SANTIAGO, F. “Não é nenê, ela é preta”: educação infantil e pensamento interseccional. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 36, p. 1-25, 2020.
SANTIAGO, F.; SOUZA, M. L.; FARIA, A. L. G. Pedagogia da infância no Brasil e na Itália: a criança em contextos interculturais marcados historicamente pelo racismo. EccoS: Rev. Cient., São Paulo, n. 51, p. 1-23, 2019.
SANTOS, R. F. A protagonista da história: a literatura infantil negra. 2021. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021.
SARMENTO, M. J. Sociologia da Infância: correntes e confluências. In: SARMENTO, M. J.; GOUVÊA, M. (Orgs.). Estudos da Infância: educação e práticas sociais. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 17-39.
SARMENTO, M. J. O estudo de caso etnográfico em educação. In: ZAGO, N.; CARVALHO, M.; VILELA, R. (Orgs.). Itinerários de pesquisa: perspectivas qualitativas em sociologia da educação. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011. p. 137-179.
SAYÃO, D. Pequenos homens, pequenas mulheres? Meninos, meninas? Algumas questões para pensar as relações entre gênero e infância. Pro-Posições, Campinas, v. 14, n. 3, p. 67-88, 2003.
SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.
SOUZA, E.; SANTIAGO, F.; FARIA, A. L. G. As culturas infantis interrogam a formação docente: tessituras para a construção de pedagogias descolonizadoras. Revista Linhas, Florianópolis, v. 19, n. 39, p. 80-102, 2018.
SPIVAK, G. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.
VEIGA NETO, A. As temporalidades do corpo: (material)idades, (divers)idades, (corporal)idades, (ident)idades... In: AZEVEDO, J. et al. (Orgs.). Utopia e democracia na educação cidadã. Porto Alegre: Editora da UFRGS/SME, 2000. p. 215-234.
VIANNA, C.; FINCO, D. Meninas e meninos na Educação Infantil: uma questão de gênero e poder. Cad. Pagu, Campinas, n. 33, p. 265-283, 2009.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Todo el contenido de la Revista está licenciado sobre la Licencia Creative Commons BY NCND 4.0.