A ressubjetivação da mulher e a desconstrução do mito do homem moderno em <em>Como se estivéssemos em palimpsesto de putas</em>, de Elvira Vigna

Autores

  • Suzane Morais da Veiga Silveira Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2017.v9n18a18043

Resumo

Este ensaio analisa o romance Como se estivéssemos em palimpsesto de putas, de Elvira Vigna (2016). Nosso principal objetivo é investigar como a autora, à semelhança de uma artesã, tece a matriz da personagem principal, Lola, pelo avesso da de João, pretenso protagonista cujas histórias são narradas pela voz irônica e ambígua de uma narradora-personagem da qual não conhecemos muito bem as intenções. A figura masculina opressora é desvelada em sua voracidade de consumo sexual e sua fragilidade emocional. Como um palimpsesto, a ressubjetivação de Lola -- uma espécie de amálgama da luta pela emancipação da mulher -- não pode ser escrita a partir do zero, pois é a partir de suas experiências, adquiridas através de um longo e doloroso processo de autodescoberta, que ela supera a submissão imposta pela estrutura patriarcal, rumo a uma nova imagem de si.

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Publicado

2017-12-30

Edição

Seção

Ensaios