A poesia raciocinante e corporal de Orides Fontela

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Resumo

A partir do livro Poesia completa, de Orides Fontela (2015), com organização e apresentação de Luís Dolhnikoff, e também da entrevista concedida pela poeta a Michel Riaudel, disponível em Orides Fontela – toda palavra é crueldade (2019), com organização de Nathan Matos, a presente discussão se baseará no questionamento pela instituição de uma possível corporeidade poético-filosófica em Orides Fontela. Essa hipótese se dá em função de trechos da entrevista concedida pela poeta ao citado Riaudel, quando Orides se referiu à sua escrita como “[...] uma poesia mais meditativa, mais raciocinante”. Daí, seria possível depreender que os poemas oridianos carregariam um forte enviesamento pela abordagem filosófica. Paralelamente, ao se considerar o termo corporeidade, este apresenta um aspecto movente, por se tratar de uma composição em que o sufixo “-dade” traz à palavra “corpo” a disposição para o ambíguo. Se fôssemos cogitar o significado estrito de tal sufixo – pelo qual se define a formação de substantivos abstratos, segundo o dicionário Houaiss –, seria plausível  dizer que a corporeidade estaria no âmbito de uma abstração do corpo, como se tivesse esvaziado o aspecto material de algo que ocupa lugar no espaço e possui massa. Contudo, a preferência aqui é a de considerar a movência da corporeidade como edificação concreta, extrapolando sua materialidade ao estabelecer um espaço de trânsito singular. Propõe-se,
portanto, a concretude dessa ação ambígua, respaldada nos poemas oridianos, ao se ponderar a instituição de uma pensatividade corporal ou, por que não, de uma corporeidade pensativa.

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Publicado

2024-09-16

Edição

Seção

Ensaios