À sombra do medo e da insanidade: considerações sobre <em>O estranho no corredor</em>, de Chico Lopes

Authors

  • William Lial Universidade Federal do Ceará (UFC)

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2013.v5n9a17292

Abstract

Nos dias de hoje, a felicidade e suas receitas estão por todos os lados. Sermos felizes é a palavra de ordem. Comerciais de creme dental, cervejas, companhias turísticas, um simples perfume ou sabonete, tudo é alegria, sorrisos e luz. Mas imagine o contrário de tudo isso. Imagine sombras. Esqueça todos os delírios de felicidade comercial inominável e visualize um quadro de meios-sorrisos, de olhos suspeitos, de palhaços tristes, com suas bocas de cantos derrotados, envergados, invertidos para o chão como uma ferradura de ponta-cabeça. Pronto, está diante dos infelizes de O estranho no corredor. A novela de Chico Lopes revela o submundo da mente de alguém acuado pelo medo herdado dos excessos de cuidados de sua tia, dos escândalos e da fraqueza de seu pai, da loucura de sua mãe e talvez, sobretudo, do peso de um mundo feito para os fortes, arrogantes e subjugadores dos mais sensíveis. A obra expõe alguém marcado pela submissão ao caos mental, vivendo à margem e à sombra do mundo -- à semelhança de seu perseguidor -- como um carrasco inconsciente de si mesmo, sabotando-se, numa vida que vemos frágil e rarefeita através das frases, dos adjetivos e dos comportamentos adjetivados, da minúcia com que características de personagens e lugares são-nos apresentadas, das imagens fortes, recursos que são a vida do texto, e este a morte e o vazio da vida.

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Published

2013-06-30

Issue

Section

Ensaios