Da geração 2000 à geração <em>Meia-noite e vinte</em>: o realismo engenhoso de Daniel Galera
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2018.v10n19a19616Abstract
O ensaio empreende uma leitura do romance Meia-noite e vinte (Galera, 2016) que ressalta inicialmente a engenhosidade de sua construção, perseguindo correlações de episódios do enredo aparentemente desconectados entre si. Exemplificada a astúcia da composição, levantamos uma hipótese interpretativa para o desfecho da estória, identificando, no veado branco do pampa encontrado por Aurora no último capítulo, uma referência ao personagem Andrei Dukelsky, o que afastaria de vez os rótulos de “pessimista” e “niilista” imputados ao livro por parte da crítica; e uma hipótese para a compreensão do título como anagrama de “2000”, o que possibilitaria entender a obra como reflexão metaficcional do autor sobre sua década e meia de trajetória literária. Por fim, concluímos que, em vez de polifônico, é na verdade Duque, por encarnar a já peculiar voz autoral de Galera, quem conduz, como “narrador-regente”, toda a narração. Assim, o romance se enriquece se lido na chave da autoficção.References
AGUIAR, Cristhiano Motta. Ontem, hoje e os outros: ficção brasileira contemporânea e tempo presente. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras: Teoria da Literatura. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Recife, 2010.
ASSIS, Laura. “A essencialidade dos ‘detalhes inúteis’: estratégias de representação em dois romances de Daniel Galera”. Brasiliana – Journal for Brazilian Studies, v. 3, nº 1, jul. 2014, pp. 120-38. Disponível em: http://ojs.statsbiblioteket.dk/index.php/bras/article/view/16734. Acesso em 28 de junho de 2017.
AVERBUCK, Clara. Máquina de pinball. São Paulo: Conrad, 2002.
______. Toureando o Diabo. Ilustrações de Eva Uviedo. São Paulo: Clara Averbuck Lincoln, 2015.
AZEVEDO, Luciene. “Autoria e performance”. Revista de Letras, São Paulo, nº 47, pp. 133-58, jul./dez. 2007.
______. “Ricardo Lísias: versões de autor”. In: CHIARELLI, Stefania; DEALTRY, Giovanna & VIDAL, Paloma (orgs.). O futuro pelo retrovisor: inquietudes da literatura brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Rocco, 2013, pp. 83-109.
______. “Daniel Galera. Profissão: escritor”. In: DALCASTAGNÈ, Regina & AZEVEDO, Luciene (orgs.). Espaços possíveis na literatura brasileira contemporânea. Porto Alegre: Zouk, 2015, pp. 235-63.
BRASIL, Ubiratan. “Em Meia-noite e vinte, Daniel Galera traça o precioso perfil de personagens nada convictos – Novo livro do escritor faz um retrato de uma geração frustrada”. O Estado de S. Paulo. Disponível em: http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,em-meia-noite-e-vinte-daniel-galera-traca-o-precioso-perfil-de-personagens-nada-convictos,10000096503. Acesso em 28 de junho de 2017.
BRITO, Luciano. “O retorno à natureza na ficção brasileira do começo do século XXI”. Brasiliana – Journal for Brazilian Studies, v. 3, nº 1, jul. 2014, pp. 335-56.
CAMPOS, Simone. A vez de morrer. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
CARDOSO, Elizabeth. “Personagem feminina e múltiplas vozes em Crônica da casa assassinada”. O Eixo e a Roda, v. 22, nº 1, 2013, pp. 109-31.
CARVALHO, Bernardo. “Autonomia de um conto”. Folha de S. Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0501200216.htm. Acesso em 28 de junho de 2017.
______. “Minha cegueira”. Literatura e Sociedade, nº 8, 2005, pp. 217-9. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ls/article/view/19623/21687. Acesso em 28 de junho de 2017.
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução de Cleonice Paes Barreto Mourão e Consuelo Fortes Santiago. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
CUNHA, João Manuel dos Santos. “A narrativa de Daniel Galera: mídias confundidas e relações intertextuais”. Raído, v. 5, nº 10, jul.-dez. 2011, pp. 441-66.
ESSINGER, Silvio. “Em Meia-noite e vinte, Daniel Galera fala dos bugs de dois milênios”. O Globo. Disponível em: http://oglobo.globo.com/cultura/em-meia-noite-vinte-daniel-galera-fala-dos-bugs-de-dois-milenios-20125821. Acesso em 29 de junho de 2017.
GALERA, Daniel. “Extrair sentidos do tumulto”. Entrevista concedida a Camila Von Holdefer. Disponível em: http://www.camilavonholdefer.com.br/extrair-sentidos-do-tumulto-uma-entrevista-com-daniel-galera/. Acesso em 29 de junho de 2017.
______. “Triângulo”. In: ______. Dentes guardados. Porto Alegre: Livros do Mal, 2004, pp. 32-40.
______. “Virando o jogo”. Serrote, nº 4, mar. 2010. Disponível em: http://www.revistaserrote.com.br/2011/06/virando-o-jogo/. Acesso em 29 de junho de 2017.
______. Meia-noite e vinte. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
______. “Superando a autoficção”. O Globo. Disponível em: http://oglobo.globo.com/cultura/superando-autoficcao-7410285. Acesso em 29 de junho de 2017.
JAGUARIBE, Beatriz. “Modernidade cultural e estéticas do realismo”. In:______. O choque do real: estética, mídia e cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 2007, pp. 15-41.
KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada etnográfica. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.
LÍSIAS, Ricardo. “Eu sou normal”. Scriptorium, v. 1, nº 1, jul.-dez. 2015, pp. 84-100.
______. A vista particular. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.
MIRISOLA, Marcelo. Hosana na sarjeta. São Paulo: Editora 34, 2014.
PICHONELLI, Matheus. “Meia-noite e vinte e ocaso de uma geração”. Carta Capital. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/cultura/meia-noite-e-vinte-e-ocaso-de-uma-geracao. Acesso em 29 de junho de 2017.
RESENDE, Beatriz. Contemporâneos: expressões da literatura brasileira no século XXI. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008.
REUTER, Yves. A análise da narrativa: o texto, a ficção e a narração. Tradução de Mário Pontes. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002.
ROHRER, Jason. Passage. Videogame. Disponível em: http://hcsoftware.sourceforge.net/passage/.
SODRÉ, Muniz. Teoria da literatura de massa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.
TAKEDA, Anna Carolina Botelho. “A obsessão pela virilidade em Mãos de cavalo: poder e ruína”. Revista Estação Literária, v. 16, jun. 2016, pp. 153-64.
VIEGAS, Ana Cláudia. “O ‘eu’ como matéria de ficção – o espaço biográfico contemporâneo e as tecnologias digitais”. Revista Texto Digital, nº 2, 2008, pp. 2-13.
VIGNA, Elvira. “Barbas pouco confiáveis”. Disponível em: etudeslusophonesparis4.blogspot.com.br/2012/11/barbas-pouco-confiaveis.html. Acesso em 29 de junho de 2017.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Autores que publicam no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea concordam com os seguintes termos:Os autores mantêm os direitos e cedem à revista o direito à primeira publicação, simultaneamente submetido a uma licença Creative Commons (CC-BY-NC 4.0) que permite o compartilhamento por terceiros com a devida menção ao autor e à primeira publicação pelo Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.
Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada da obra (por exemplo, postá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.