Escrita e salvação: um estudo sobre as vozes discursivas em <em>Diário da queda</em>, de Michel Laub
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n24a34555Keywords:
sujeitos ficcionais, escritor, narrador, personagem, fazer literário.Abstract
Este ensaio trata da construção de vozes na obra ficcional brasileira contemporânea Diário da queda, de Michel Laub (2011). Para esta reflexão, consideram-se certas estratégias estéticas expressivas e peculiares que revelam este momento histórico e se revelam nele, especialmente a construção de um diálogo entre vozes, quais sejam: a autoria, narrador, personagem e leitor. Ficcionalmente, essas categorias se imbricam e assim se configuram como fatos literários, como efeitos de sentido produzidos no e pelo texto, pondo em relevo especialmente o sujeito ficcional narrador. Este, no exercício dos outros papéis, constitui-se permeado de reflexões acerca do fazer literário. Dessa forma, essa obra, objeto de reflexões, desenha-se um tanto contraditória, pois, em seus capítulos, manifesta-se um singular enquadramento dos sujeitos literários: nela se verifica a desconsolidação dessas figuras, em fuga do exercício de suas funções, algo compatível com o mundo contemporâneo. Juntamente e, por isso, intrigante, há um desconforto em relação a essa atitude de fuga da responsabilidade de decidir o papel a ser exercido e, assim, em favor de alguma causa em função da qual colocaria sua atividade. Esses dois movimentos servem à discussão sobre o estatuto do escritor e o do narrador. Para tratar da relação entre essas categorias, tomaremos algumas considerações de Mikhail Bakhtin, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Silviano Santiago e Jaime Ginzburg para pôr em discussão o fato de a categoria do narrador exigir novas perspectivas de leitura.
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