Mito, linguagem e verdade na poesia encantada de João de Jesus Paes Loureiro

Abstract

O presente trabalho aborda o mito, a linguagem e a verdade como questões originárias do humano, na poesia de João de Jesus Paes Loureiro. A partir do exercício de escuta crítica dos poemas escolhidos, percebemos que o poeta incorpora em sua obra costumes, falares, devaneios encantados pelos mitos amazônicos, traduzindo-os em linguagem poética que convida o leitor ao questionamento de si como homem humano. Esse engajamento, ou “radicação” poética, se dá no vigor de incorporar a raiz da arte poética à entidade coletiva de sua região, a Amazônia, mais especificamente, à cultura própria das populações ribeirinhas, originária de comunidades indígenas. Para tal exercício, dialogamos com autores que trazem luz a essas questões, como Braga (2010); Carvalho (2017); Castro (2011); Heidegger (1998, 2012), Leão (2010) e Nunes (2000). Concluímos que a poética de Paes Loureiro acontece em total liberdade de pensamento, convocando-nos a pensar a linguagem como templo do mistério do ser, onde devemos nos abrigar para que possamos nos lançar em travessia pelo rio esfumaçado de nós mesmos. E o poeta o faz, exaltando a Linguagem como única morada do Mito que se faz em Verdade.