Figuração do vírus da Covid-19 na produção literária contemporânea:

uma análise de 'Carta Aberta', de Martim Butcher

Abstract

Tendo em vista que a pandemia da Covid-19 desencadeou o surgimento de uma prolífica produção literária, cujo tema central é a sua representação, este ensaio investiga “como” se figurou a pandemia da Covid-19 na literatura brasileira contemporânea. Analisa-se “Carta Aberta”, de Martim Butcher, conto que faz parte do primeiro volume da coletânea Contos da quarentena (2020), em virtude de sua inovação no que se refere aos elementos de sua construção textual comparados às outras narrativas produzidas durante a pandemia da Covid-19. O autor subverte a estrutura de narrador e narratário, estabelecendo o vírus como o enunciador da mensagem a ser expressa. Abrindo caminho também a uma análise literária e discursiva integrada, o conto transcende até mesmo os limites do gênero narrativo, lançando um personagem que escreve uma carta aberta à humanidade. Assim, partindo de um projeto de pesquisa maior intitulado “A Literatura Brasileira Contemporânea em Tempos de Pandemia”, desenvolvido pelo grupo de pesquisa CRELIT e compondo o subprojeto de Iniciação Científica financiado pela Fundação Araucária “Literatura e Pandemia: um olhar crítico sobre a produção literária contemporânea brasileira”, esta pesquisa, baseada na consulta e análise de fontes bibliográficas, ancora-se em teóricos e críticos que pensam a respeito da produção literária contemporânea, como Resende (2008), Aguiar (2020) e Brandileone (2013, 2021), e estudiosos da esfera filosófica e sociológica, entre os quais Bauman (2001), Birman (2020) e Zakaria (2021), com o objetivo de contribuir para o repertório crítico acerca dessa literatura, tendo  como mote a figuração do período pandêmico de 2020-2022.

Palavras-chave: produção literária contemporânea; pandemia da Covid-19; "Carta Aberta".