Ficção fragmentária e experimental. <em>As visitas que hoje estamos</em>, de Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2013.v5n9a17422Resumo
O romance de estreia de Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira é uma extensa e árdua empreitada que busca reproduzir falas daqueles que poderíamos classificar de brasileiro humilde. O registro é feito de pequenos pedaços de tragédia: doença, velhice, crenças religiosas frustradas, relacionamentos afetivos conturbados e diversas outras vivências potencializadas pela exploração da linguagem coloquial da pessoa inculta, pobre, marginalizada. Essa potencialização leva a momentos de inegável beleza e a outros que podem parecer mais gratuitos, além de passagens que, pela exagerada exploração da miséria, atingem um incômodo teor cômico. O roteiro teatral, que surge em alguns momentos ao longo da narrativa, é um dos elementos mais interessantes, mas não por suscitar uma leitura fácil e fluida a partir da objetividade dos diálogos, e sim por trazer uma representação social exagerada que, em vez de buscar uma construção fiel da realidade, constitui uma forma inteligente de ironia.
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