Roberto Correa dos Santos: a traça, o traçado da obra
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2019.v11n21a24688Palavras-chave:
crítica literária, rastro, Derrida, Roberto Correa dos SantosResumo
A obra de Roberto Correa dos Santos desafia os limites de gênero, situando-se em um limiar onde talvez não importe mais a determinação de uma obra como ‘poema’, ‘ensaio’ ou ‘livro-de-artista’. A convocação de nomes de autores e obras alheios (Clarice Lispector, Luiza Neto Jorge, Oswald de Andrade, Artaud), para os títulos e o corpo dessa escrita, parece ainda querer situá-la no horizonte de uma crítica literária anômala, na medida em que rasura a divisão tradicional entre texto (suposto) primeiro – literário – e texto (suposto) secundário – crítico-teórico. Interessaria ler esse gesto de inscrição rasurada do outro em ressonância com la trace derridiana talvez em mais de um sentido. Primeiramente, enquanto rastro originário que desconstrói a divisão presença/representação que a crítica, como concebida habitualmente, herda e reafirma por meio da divisão texto primeiro/paráfrase, explicação ou análise crítica. Mas, sobretudo, gostaríamos de acatar uma provocação verbal do professor Luiz Fernando Medeiros, que propunha pensar la trace em uma tradução traidora que preservaria na palavra o gênero feminino do francês: enquanto a traça – esse inseto desconstrucionista – figura frequente, aliás, na obra de Roberto – que percorre os livros em transversal antropofágica, deglutindo e escrevendo, por entre as obras alheias, o seu traçado tracejado.
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