Cem anos de solidão: a enunciação sentimental da mulher através de Úrsula e Amarante

Autores

  • Jéssica Luana Bueno dos Santos Feevale
  • Daniel Conte Feevale
  • Alex Sandro Maggioni Spindler Feevale

Resumo

Este estudo aborda a questão da enunciação sentimental da mulher enquanto indivíduo marginalizado na obra Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez. Inicia por traçar um paralelo entre eventos históricos e culturais, relacionando-os ao sistema simbólico imposto às personagens. O primeiro evento trata da colonização da América Hispânica, abordando a violência física e simbólica sofrida no processo de dominação e as influências evidenciadas em práticas, crenças e mitos que norteiam a vida da mulher latino-americana, usando principalmente a ideia de culpa como aparelho repressor. A partir desse panorama, evidenciamos a trajetória de Úrsula como exemplo de assujeitamento da sentimentalidade feminina.  Em seguida, abordamos o panorama mais amplo da repressão sentimental que a mulher vem sofrendo no mundo ocidental, ao longo dos séculos, e os subterfúgios de que lança mão na tentativa de não sucumbir ao cerceamento de sua sentimentalidade. Esse último é evidenciado através da fala da personagem Amaranta, que toma a via do entre-lugar no intento de manter-se a salvo. Os eventos históricos e sociais abordados neste trabalho são defendidos através da teoria de autores como Homi K. Bhabha, Octávio Paz, Simone de Beauvoir e Tzvetan Todorov.

Biografia do Autor

Jéssica Luana Bueno dos Santos, Feevale

Graduada em Letras pela Feevale

Daniel Conte, Feevale

Professor do PPG em Processos e Manifestações Culturais e no Mestrado Profissional em Indústria Criativa da Feevale

Alex Sandro Maggioni Spindler, Feevale

Graduado em Letras pela Feevale

Referências

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Publicado

2021-08-24