A porno-autografia de Georges Bataille
Resumo
É notória a dimensão erótica presente, estética ou teoricamente, em toda a extensão da obra do escritor francês Georges Bataille. Que essa dimensão esteja relacionada com uma certa forma de pensar ou de escrever, o próprio autor o assinala em várias formulações espalhadas em sua obra, assinadas com o nome próprio ou com pseudônimos. Em Madame Edwarda (1941), por exemplo, ele afirma que “o erotismo está representado sem volteios”, levando-nos a uma abertura para a “consciência de uma dilaceração”. O presente trabalho tem por objetivo ressaltar a dinâmica que Bataille desenvolve em algumas dessas formulações. Se, além de visarem a dilaceração do relato e de sua linguagem através da representação, essas formulações também tratam da nudez, da obscenidade e do esquecimento, é possível se referir à sua escrita como uma espécie de porno-autografia, em que o trabalho de escrita está atrelado a uma deformação obscena da memória.
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