Sereias brincantes; intrépidos, decrépitos navegantes: O silêncio da modernidade
Resumo
Pensar a ficção na modernidade: Eis o que se busca nesse breve ensaio. Certamente não o faremos com grandes pretensões: o tema é espinhoso, complexo e instável. Além disso, como é próprio dos objetos da arte, as obras literárias sobre as quais pretendemos falar não nos autorizam um olhar peremptório: Homero, Kafka e Beckett são artífices cujas obras possuem tal dinâmica formal, cada qual com sua respectiva singularidade, que uma investida que se proponha a analisá-las, afim de oferecer respostas às infindáveis questões que nos são sugeridas por cada uma delas, poderia, sem exageros, se configurar em um exercício de insensatez. Mas o que há de mais insensato que a edificação de castelos no ar? Certamente não é assim que pensam os poetas: “Tudo que não invento é falso1 ”; “ Vi terras de minha terra/Por outras terras andei/ Mas o que ficou marcado/ no meu olhar fatigado/ Foram as terras que inventei”... Forjar novos mundos, reinos desconhecidos, percepções inteiramente dissociadas da experiência cotidiana... Seriam esses os pressupostos da ficção? O presente ensaio que aqui se inicia pretende navegar por tempestuosas, luminosas, obscuras águas: O Canto XII, da Odisseia de Homero, o conto O silêncio das sereias, de Franz Kafka e a novela Malone Morre, de Samuel Beckett.
Referências
ANDRADE, Fabio de Souza. Samuel Beckett: O Silêncio Possível. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
BANDEIRA, Manoel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympo, 1966, p.173.
BARROS, Manoel. O livro sobre nada. Rio de Janeiro: Editora Record, 2002 .
BECKETT, Samuel. Malone Morre. Trad. Paulo Leminski. São Paulo: Códex, 2004.
_______________. Theree dialogues with Georges Duthuit. London: John Calder, 1983.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.
BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. Tradução: Maria Regina Louro.Relógio d'àgua, Edição número 13, 1985.
COSTA LIMA, Luís. Mímesis: Desafio ao Pensamento: O Paradoxo em Kafka. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2000.
DELEUZE, Gilles. Lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 2007.
DUARTE, Lélia Parreira. Ironia e humor na Literatura. Belo Horizonte: Editora PUC Minas; São Paulo: Alameda, 2006.
HOMERO. Odisseia. São Paulo: Nova Cultural, 2003.
LESSA, Sergio. A Ontologia de Lukács e a atualidade do marxismo. 2ª edição, Maceió: EDUFAL, 1997.
LODGE, David. A arte da ficção. Porto Alegre: L&M, 2009.
RANCIÉRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política, São Paulo: EXO experimental, 2005.
ROCHA, João César de Castro. Teoria da Ficção. Indagações à obra de Wolfgang Iser. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1996.
SCHÜLER, Donaldo. Heraclito e seu (dis) curso. L&PM Pocket., Porto Alegre , 2001.
SILVA-SELIGMANN, Márcio. Kafka e a reivenção da literatura. Entreclássicos Kafka nº 08, São Paulo: Ediouro, 2008.
WELLBERY, David E. Neo-Retórica e Desconstrução. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998, p.195.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).