Linguagem - um convite ao desamparo

Autores

  • Cristiane Sampaio de Azevedo

Resumo

  A linguagem é um “falar por falar”, é um tagarelar. É o que diz Novalis, em seu fragmento chamado “Monólogo”. E porque é um falar à toa, uma conversa fiada, a linguagem é sempre risco, possibilidade de erro, ao contrário de uma fala já demasiadamente planejada, traçada em seus rumos previamente. No falar por falar, a cada vez a fala se dá, a cada vez está em jogo o falar. Assim, Novalis compara a linguagem com as fórmulas matemáticas que, segundo ele, “jogam com elas mesmas”. Só é possível, desta forma, entrar no jogo, ou não entrar. A linguagem já é, desde sempre, um convite ao desamparo, a um não- lugar, condição de toda criação. Quando o poeta diz moinho de vento, ele faz o moinho de vento ser, aparecer. Antes disso, o moinho de vento não existia.  Criar é, portanto, sempre inaugurar, e só se inaugura a partir de um não-lugar. 

Referências

ANDRADE, Carlos Drummond de . A rosa do povo. São Paulo, Círculo do livro, sd

CASTRO, Manuel Antônio de. “Linguagem: nosso maior bem”. In: Aulas Inaugurais. Rio de Janeiro.Faculdade de letras.2004.

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RILKE, Rainer Maria. Cartas a um jovem poeta. São Paulo, Globo, 1994.

TERCEIRA MARGEM: Revista do programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Letras e Artes, Faculdade de Letras, Pós- Graduação, Ano IX. nº 10, 2004.

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