Um corpo estranho

Autores

  • Ricardo Alexandre Rodrigues UFRJ

Resumo

Para essa etapa do presente trabalho, foi essencial percebermos a utopia do resgate -- acreditar na possibilidade de dizer de maneira idêntica o referente -- que governa a linguagem instrumentalizada. Como também, foi importante notarmos a consciência do poeta a respeito dessa falência e o seu esforço na estruturação incomum da linguagem poética, a fim de superar a deficiência de dizer singularmente as coisas. Na etapa seguinte, está proposta uma leitura da poética de Manoel de Barros pelas coisas inúteis e sem valor. Por gozar de um estado de repouso, as inutilidades podem ser transformadas em qualquer coisa, estando sempre a nos surpreender. Então, tal como as coisas sem préstimo (cacos, detritos, trapos, restos) quando re-combinadas, as palavras, ao perderem a funcionalidade, podem manifestar o devir que ocorre no mundo.

Referências

BARROS, Manoel de. “Guardador de águas” . In: Gramática expositiva do chão ( poesia quase toda). (P 299)

MERLEAU-PONTY, Maurice. Conversas-1948 . São Paulo: Martins Fontes, 2004. pág 45

Barros, Manoel. “Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada.” In: Gramática expositiva do Chão . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990. pág 276

BARROS, Manoel de. “o menino que carregava água na peneira”. In: Exercícios de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra, 1999

Idem. Gramática Expositiva do chão . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990. pág 215

BARROS, Manoel. Matéria de Poesia. Rio de Janeiro:Record, 2001. (pág 30-32)

RIMBAUD, Arthur. “ Carta dita do vidente”. In: Uma Estadia no Infern o. São Paulo: Martin Claret, 2002. (pág 80)

BACHELARD, Gaston. “A ‘preguiça' da filosofia”. In: Epistemologia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983, (pág 19)

GOETHE. Os Sofrimentos de Werther . 7ª edição. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. pág. 52

BARROS, Manoel de. Poemas Concebidos sem Pecado . Rio de Janeiro: Record, 1999. pág. 27

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