Memória de outros cárceres:André do rap - análise da memória como vontade e (des) representaçâo
Resumo
Consoante a teoria deleuziana, somos todos máquinas desejantes, em que o desejo não se configura como a falta lacaniana, mas como força de atuação. Nesse bricoleur que é o ser humano, pode-se pensar na memória como uma máquina que atua por “fluxos e cortes”, ou seja, lembrança e esquecimento. O que se lembra não é o que se viveu, é o que se refaz; a “memória máquina”, a partir dessa óptica deleuziana, não é um tabernáculo de verdades uma vez que funciona “avariando-se constantemente”. Essas avarias, que também poderiam ser chamadas de esquecimento, fazem dos textos memorialísticos um “entre-lugar” entre a verdade e a ficção. O presente trabalho, dentro dessa perspectiva, se propõe num primeiro momento a analisar a escritura memorialística, mais especificamente o relato do sobrevivente do Carandiru, André do Rap, tendo em vista o seu caráter representacional. O conceito de “representação” fica aqui delimitado enquanto construção, encenação .
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