Atrás da flor azul ou a cabeça redentora

Autores

  • Bia Albernaz UFRJ

Resumo

alemães e românticos. São todos profundos e inúteis. A flor azul, no entanto, permanecia ali, na plataforma e era ela o trem que deveria me tomar e me levar a superrealidade
do que é verdadeiramente real. Estava tão cansada que nem pensei em colocar sapatos ou ajustar o cinto, nem quis compor uma ode de despedida pois o único que sabia fazer naquele momento era sentir o aroma da flor azul e me deixar levar para algum lugar.
Algum. Algo de um e já estaria bem. Minha visão estava turva de letras e de números e de prazos e de tentativas frustradas de dominar e calcular. A superrealidade
do que é verdadeiramente real me esperava (o algo de um espera a gente). Deixarme
ir, deixar para trás o uniforme, as zonas equivalentes. Onde está o espaço prometido, a terra convertida nesse trilhar urbano, ainda promessa bíblica? Um homem desperta, eu
vejo. Ele treme angustiado. Que espaço é esse, todo igual, todo opaco, no virar das esquinas e no atravessar e no aguardar sinais? Existiria mesmo esse famoso habitar que move as multidões até aqui, espaço urbano? Escolho o espaço urbano como um mambembe espaço poético. Que ele matize o afeto que se encolhe antes da tomada do trem na plataforma onde encontrei a flor azul.

Referências

BACHELARD, G. A poética do espaço, trad. Antonio de Pádua Dannesi, São Paulo, Martins Fontes, 2000.

BAKTHIN, M. O romance de educação na história do realismo. In: Estética da criação verbal. Trad. M.

Ermantina Pereira. São Paulo:Martins Fontes, 1992.

DICKINSON, E. 75 poemas. Trad. de Lúcia Olinto, Rio de Janeiro: Sette Letras, 1999.

HEIDEGGER, M. Construir, habitar, pensar. In: Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão,

Gilvan Fogel, Márcia Sá Cavalcante Schuback, Petrópolis: Vozes, 2002.

LISPECTOR, C. A maçã no escuro. Rio de Janeiro: José Alvaro Editor, 1970.

___________ . Uma aprendizagem ou O livros dos prazeres. 3a. ed., Rio de Janeiro: Sabiá, 1973.

___________ . A cidade sitiada. 4a.ed. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1975.

SOUZA, R. de Melo. A epigênese do pósmoderno. Revista Tempo Brasileiro, 84: 32/60, janmar,

STORNI, A. Antología poetica. Buenos Aires: Editora EspasaCalpe,

TRAKL, G. De profundis. Org., posfácio e trad. Cláudia Cavalcanti, São Paulo: Iluminuras, 1994.

Downloads

Publicado

2019-03-10