Atrás da flor azul ou a cabeça redentora
Abstract
alemães e românticos. São todos profundos e inúteis. A flor azul, no entanto, permanecia ali, na plataforma e era ela o trem que deveria me tomar e me levar a superrealidade
do que é verdadeiramente real. Estava tão cansada que nem pensei em colocar sapatos ou ajustar o cinto, nem quis compor uma ode de despedida pois o único que sabia fazer naquele momento era sentir o aroma da flor azul e me deixar levar para algum lugar.
Algum. Algo de um e já estaria bem. Minha visão estava turva de letras e de números e de prazos e de tentativas frustradas de dominar e calcular. A superrealidade
do que é verdadeiramente real me esperava (o algo de um espera a gente). Deixarme
ir, deixar para trás o uniforme, as zonas equivalentes. Onde está o espaço prometido, a terra convertida nesse trilhar urbano, ainda promessa bíblica? Um homem desperta, eu
vejo. Ele treme angustiado. Que espaço é esse, todo igual, todo opaco, no virar das esquinas e no atravessar e no aguardar sinais? Existiria mesmo esse famoso habitar que move as multidões até aqui, espaço urbano? Escolho o espaço urbano como um mambembe espaço poético. Que ele matize o afeto que se encolhe antes da tomada do trem na plataforma onde encontrei a flor azul.
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