Nas intermitências do silêncio: quando a palavra é sobra ou não basta
Abstract
Quando as palavras sobram ou não bastam, o silêncio é capaz de dizer aquilo em que o verbo falha. O não falar, a ausência de voz, pode encerrar em si um significado profundo daquilo que queremos expressar. No texto Sarapalha, de Guimarães Rosa, as relações entre as personagens principais se constituem sobretudo entre longos silêncios que muito significam. Neste trabalho comentamos como o silêncio faz-se ouvir nesse texto específico. Além disso, pensamos sobre como o autor condensa através de elementos da narrativa questões intrinsecamente humanas como a dor, o ciúme e a saudade, passando pela falência das relações humanas, constatadas sobretudo a partir da linguagem. Nossas reflexões são balizadas pelas ideias de Eni Puccinelli Orlandi (2007) sobre o silêncio, Humberto Maturana (2002) sobre a linguagem e relações interpessoais, George Steiner (2001) e Octávio Paz (1992) acerca das relações humanas e a literatura.
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