O ENTRE-MUNDOS DE UMA HISTÓRIA SEM FIM
Abstract
A “História sem Fim” de Michael Ende é uma profunda obra que, desde o título, nos instiga a pensar. Pois é no mínimo instigante pensar numa história sem fim, ou seja, que nunca termine, que seja perpétua. O livro possui a capa cor de cobre e, ao lado do título, a imagem de duas serpentes que, devorando uma a cauda da outra, desenham um círculo perfeito. Por tratar-se de uma obra dita de ficção, pode-se considerar que o título refere-se à história como estória, ou seja, conto, narrativa. Porém, é devido lembrar que a palavra história é ambígua, e possui dois sentidos opostos: um, relato de ficção, ou um relato do real. Trata-se, então, de diferenciar o que seja real do que seja ficcional, do que seja fato para o que seja invenção. O que, contudo, se mantém presente nas duas é o fato de serem um relato, ou seja, sejam manifestos pela palavra. Ambos os entendimentos levam a pensar a história como um trazer ao conhecimento, um revelar-se, pela palavra, a partir da memória. Nesse âmbito, o que seja um revelar do Real ou de Ficção parece confundir-se, e é nessa confusão que se estrutura a própria história sem fim da obra. Porque, é natural constatar que, numa relação de oposição, tal qual entre real e ficção, para que a oposição possa ser estabelecida, é preciso que haja entre ambos um comum que os permite sequer serem postos em contraposição. É justamente neste entre constante que a obra irá se posicionar, a partir sempre da inter-relação inevitável entre os contrários.
Literaturhinweise
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