Imbolada perfeita de Zeca Baleiro

Autores/as

  • Andrea Teresa Martins Lobato

Resumen

A canção popular brasileira, embora reconhecidamente muito rica, ainda se encontra numa espécie de limbo. Há muita escusa em se tratar o texto da canção popular brasileira como gênero poético, ou, quando isto é feito, a tendência maior ainda é considerá-lo como gênero menor. O que provoca tal preconceito é a insistência de muitos críticos em tratar o texto poético cantado com o mesmo material teórico com que se trata o texto poético escrito, sem que se procure apontar as semelhanças e as diferenças, sem respeitar a forma de produção do texto poético cantado. De fato, aquilo que muitos não consideram é a forma de produção, assim como de fruição, do texto poético cantado e, assim, acabam por criar hierarquias culturais. Dessa forma, a problemática reside na tentativa de nivelamento dessas duas formas distintas de produção poética. Do confronto entre texto poético escrito (poema) e texto poético -- musical (canção), verifica-se não uma categorização entre melhor ou pior, mas similaridades e, principalmente, peculiaridades. O que se busca, portanto, é um olhar que vislumbre as peculiaridades do texto poético cantado. Para evidenciar e analisar esse elemento poético do texto cantado, elegemos a canção de Zeca Baleiro. No presente artigo, utilizamo-nos das canções inseridas nos Cds Por onde andará Stephen Fry -- Zeca Baleiro; Vô imbolá -- Zeca Baleiro; Rita Ribeiro -- Rita Ribeiro; Pérolas aos povos -- Rita Ribeiro ; Arrepiô -- Vange Miliet; e Dindinha -- Ceumar. Optamos pelas canções desses Cds uma vez que se percebe uma aproximidade de temas -- solidão, busca do amor, regionalismo e contemporaneidade. Como linha básica é a análise do texto, não nos detivemos em particularidades musicais, o que não significa que o todo da canção não tenha sido levado em conta.

Citas

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Publicado

2011-04-30