Breve apontamento ontológico da identidade na arte da performance

Auteurs-es

  • Ronaldo Eduardo Ferrito Mendes UFRJ

Résumé

Ainda que seja necessário em toda investigação nas áreas das artes delimitar a sua observação do fenômeno em um objeto, esse mesmo objeto, ironicamente, costuma ter negligenciada a necessidade de ser enfrentado no que ele é, isto é, como fenômeno. Assim, por exemplo, a investigação literária de alguma antologia, cancioneiro que seja, admitiria ser a poesia a origem e talvez a própria matéria constante do seu objeto, mas estranhamente se mostraria inapta ou mesmo desinteressada em dizer, antes de iniciar seu estudo, ou mesmo após terminá-lo, o que é poesia. Essa necessidade do enfrentamento da pergunta “o que é isto?”, obviamente, não seria a de se chegar a uma resposta peremptória sobre o ‘objeto', senão a simples tarefa de questioná-lo antes mesmo de sua objetivação. Na arte, enfrentar com uma indagação o que é isto que se coloca à investigação não implica, nem anela, encontrar um conceito universal como resposta, esse enfrentamento emerge da mera responsabilidade de não ignorarmos as evidentes condições transcendentais de uma pergunta (o saber temático e o não saber que se imbricam em um questionamento). Menos franqueza mostramos se ignoramos a pergunta “o que é isto?” por, simplesmente, considerarmo-la improdutiva. De fato, chegar a um conceito universal invencível para um fenômeno artístico (a referida poesia ou qualquer outra arte) seria o mesmo que esperar um logro de Tântalo. E isso, com razão, dever-nos-ia desanimar o trabalho se ainda, diferente do mito, pudermos optar pela sua isenção. É preciso, por isso, em toda investigação de arte, discernir a pergunta “o que é isto?” -- dirigida ao fenômeno que nos arrosta -- daquela outra que busca uma definição universal. A primeira não espera, na verdade, uma resposta -- sua tarefa é apenas colher os frutos no percurso do pensar --, ao passo que a segunda tem sua utilidade justificada ao se paralisar no malogro definitivo (uma resposta definitiva que só abstratamente, nunca realmente, tem validade universal).

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Publié-e

2013-03-30