Viriditas e a experiência da tradução poética
Résumé
O presente artigo registra a experiência de tradução do livro “Viriditas”, da Mexicana Cristina Rivera Garza, para o português, demonstrando desde a necessidade de um suporte teórico que corresponda às solicitações próprias da linguagem do texto, a saber, uma linguagem poética, até as decisões de reconstrução de efeito estético para ocorrências, a princípio, que impediam a mera transposição de ideias sem uma perda literária significativa. Dada a natureza do texto, justificamos aqui a opção de uma tradução criativa, entendida nos termos das propostas do concretismo dos irmãos Campos, bem como a ancila de uma hermenêutica poética de algumas palavras-guia que atravessam todo livro, demarcando um campo e vocabulário único para a escrita/escritura da autora, tais como “verde” e “Xangai”. Demonstramos ainda alguns procedimentos de tradução/transcriação, no formato de estudo de caso, com as expressões específicas “ad/herir” e “herir”; “Huir” e “ir hacia Hu”, vertidas para “acli/matar” e “matar”; “Fugir” e “ir para Fug”, respectivamente. Nessas demonstrações embasamos a tradução heterodoxa pela opção de ter como primazia a literariedade/poeticidade sobre a tradução ad litteram. Por fim, o artigo conclui a necessidade de um exercício reflexivo e criativo sobre a linguagem mesmo neste caso de tradução de línguas tão próximas como o português e o espanhol, nas quais certas correspondências linguísticas já estão cristalizadas e permanecem intocadas.
Palavras-chaves: Tradução literária, transcriação, viriditas, teoria literária, hermenêutica poética
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