Em "A estória de Lélio e Lina", Lina cura Lélio
Abstract
Ansiando por uma mulher, Lélio aporta ao Pinhém. Nessa fazenda, é com uma senhora, dona Rosalina, que Lélio estabelece uma sincera e profunda amizade. Confessando suas paixões, Lélio recebe de Lina respostas a perguntas ainda não formuladas. Nessa escuta, o vaqueiro errante resgata o antigo desejo por uma moça ainda distante e parte novamente em busca dela, integrando interiormente um ideal a sua própria realidade. Das palavras consoladoras da curandeira em resposta às confidências do boiadeiro, é selada uma amizade legítima entre um moço e uma senhora, uma estória. O que, então, impulsiona Lélio a retomar viagem em busca da Moça Linda do Paracatú - seu ideal romântico - é a presença de um aporte de transformação da expectativa em esperança - Lina. Desse estreito e confidencial relacionamento, brota no jovem a compreensão do movimento cíclico e ascendente do desejo erótico. Encarnando Diotima, a sacerdotisa que elucida a Sócrates a especificidade constitutiva do sentimento amoroso, a curandeira Lina transmite um saber intuitivo: a insatisfação contínua própria da paixão. Vinculando-se ao diálogo platônico O Banquete, Guimarães Rosa atualiza uma narrativa mítica do amor.
Palavras-chave: Guimarães Rosa. Corpo de Baile. Platão. O Banquete.
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