Corrigir a mudez dos livros: Hipótese sobre o oral e o Escrito em Platão
Abstract
Foram insuficientes e parciais as interpretações da filosofia platônica, de Schleiermacher à Escola de Tübingen, porque não chegaram a produzir satisfatoriamente nenhuma visão de conjunto que pudesse fornecer um meio de acesso a Platão a partir de uma concepção abrangente que ressaltasse a complexidade polissêmica de cunho dialético do pensamento do mestre de Atenas. Os paradigmas hermenêuticos pautaram-se pela exclusividade e exclusão, ora ressaltando a importância da escritura, ora colocando em relevo a importância da oralidade na filosofia platônica. Não obstante, haveria uma idéia medular, que escapou à percepção dos leitores e comentaristas, a partir de cuja compreensão seria possível superar os dois momentos excludentes e traçar uma visão de conjunto que fornecesse uma perspectiva integral do pensamento platônico como síntese entre oralidade e escritura? Pois hoje arriscamos a ver que “faz parte do interior e da essência da forma platônica tudo aquilo que resulta da intenção de obrigar a alma do leitor à produção de idéias próprias.” Aqui a força do diálogo, vale dizer, da forma literária platônica, escapa às restrições, aos clichês e estereótipos advindos de más escolhas orientadas por decisões parciais e precipitadas. Ao invés de se ler o diálogo “Lê-se o simulacro do diálogo platônico”. (PUCHEU, 2007, p. 144) e é preciso retornar ao texto e esmiuçá-lo nas múltiplas direções que aponta. Esmiuçar o texto significa lê-lo com o cuidado que merece. Mas veja que quando dizemos que a leitura do texto deve ser feita com o merecido cuidado já ressaltamos a importância do texto e sua posição privilegiada no contexto do pensamento do autor.Riferimenti bibliografici
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SCHLEIERMACHER, Introdução aos diálogos de Platão. Belo Horizonte: UFMG, 2002, p. 66. Citado por PUCHEU, Alberto. A poesia e seus entornos interventivos. In: Pelo colorido, para além do cinzento.Rio de Janeiro, Beco do Azougue, 2007. P. 142.
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