O Chamado Selvagem da Sobrenatureza: Leonardo Fróes e Gary Snyder
Abstract
Numa passagem de sua entrevista à Revista Azougue, Leonardo Fróes destaca a importância dos “mestres modernistas” -- “Oswald, Mário, Drummond, Murilo Mendes” (Fróes: 2003, p. 7) -- em sua formação como poeta, e se assume “um leitor de clássicos e quase analfabeto em literatura contemporânea” (id.). Diante dessa afirmação, o poeta e editor Sérgio Cohn, um dos entrevistadores, lembra do epíteto comumente atribuído a Fróes, “beat brasileiro”, o que Leonardo vincula, então, à sua participação como ensaísta da antologia Alma Beat, publicada em 1984, dizendo não observar muita semelhança entre os textos beats e sua poesia, muito embora os leia desde os anos 60 e se identifique com a “vivência” (ibid.) e com a “visão de vida” (ibid.) desses poetas[i], além de perceber uma ligação entre a sua obra e a de Gary Snyder, graças à relação intensa que ambos têm com a natureza (ibid.). De fato, não apenas por Leonardo Fróes ter sido, no Brasil, um dos primeiros e mais apaixonados divulgadores do pensamento ecológico, da mesma maneira que Snyder o foi nos Estados Unidos, ambos parecem ter acesso, via poesia, a uma potência do elemento natural que promove uma total interconexão entre tudo o que existe, desfazendo supostas fronteiras e limitações impostas pelo pensamento ocidental. Todavia, antes que seja proposto um diálogo entre as poéticas em questão, parece necessário destacar algumas questões introdutórias acerca da chamada “geração beat” e da especificidade de Snyder diante dela. Para isso, além do livro de André Bueno & Fred Goes (1984), O que é Geração Beat, e do texto de Luci Collin que abre a antologia de Snyder recentemente lançada no Brasil, será utilizado o ensaio “Histórias Beats”, do próprio Leonardo Fróes (1984), publicado na já referida coletânea Alma Beat.
Riferimenti bibliografici
Bueno, André & Goes, Fred. O que é Geração Beat. São Paulo: Brasiliense, 1984.
Fróes, Leonardo. A Fábula da Cebola. Entrevista cedida a Alberto Pucheu, Ricardo Lima & Sérgio Cohn. Revista Azougue, São Paulo, n. 8, pp. 5-11, abril de 2003.
_____. “Histórias Beats”. In: _____ et alii. Alma Beat. Ensaios sobre a Geração Beat. Porto Alegre: L&PM Editores, 1984.
_____. “Um convite ao personagem para se tornar o que é”. In: _____. Um Outro. Varella. Rio de Janeiro: Rocco, 1990.
_____. Vertigens -- Obra reunida (1968-1998). Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Muggiati, Roberto. “Beats & Zen”. In: _____ et alii. Alma Beat. Ensaios sobre a Geração Beat. Porto Alegre: L&PM Editores, 1984.
Pucheu, Alberto. “Na Poesia Vertiginosa de Leonardo Fróes”. Resenha do livro Vertigens, de Leonardo Fróes. In: O Globo, Prosa e Verso, 6 de fevereiro de 1999.
Snyder, Gary. Re-habitar. Ensaios e Poemas. Tradução, apresentação e notas de Luci Collin. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2005.
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