Corte e deriva: a poética anfíbia de Ana Cristina
Abstract
É flagrante na obra de Ana C. o intertexto da literatura com a linguagem cinematográfica. O interesse pelo trânsito entre estas linguagens já se mostra nos artigos e ensaios reunidos em Crítica e Tradução, sua obra de crítica mais direta: na apreciação ao romance Armadilha para Lamartine, de Carlos Sussekind, em dois artigos de 1976 (Para conseguir suportar essa tonteira, entrevista com Carlos Sussekind e Um livro cinematográfico e um filme literário, ambos para o Opinião) e na sua dissertação de mestrado em comunicação pela UFRJ, Literatura não é documento, de 1979. Os primeiros textos tratam, dentre outros elementos, do uso da montagem como estratégia narrativa, criando a “cinematografização do texto literário”1. Em Literatura não é documento, é estudado como os filmes dedicados a autores da literatura brasileira constroem uma determinada ideia do literário e o quanto uma concepção de literatura se faz veículo de ideologias e interesses políticos que organizam a sociedade. Em A teus pés, obra de crítica pela poesia, Cenas de abril, seu primeiro livro de 1979 ali republicado, já coloca o “fazer cena”, ou o fotografar em takes de cena, como imagemperformance dos textos. Além disso, este título remete ao primeiro verso do The waste land de T. S. Eliot (“Abril é o mais cruel dos meses, germina”), autor que constrói seus textos a partir da fragmentação e da montagem, convergindo, portanto, para essa estética de junção da técnica literária e da cinematográfica.
Riferimenti bibliografici
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SÜSSEKIND, Flora. Até segunda ordem não me risque nada: os cadernos, rascunhos e a poesia-em-vozes de Ana Cristina Cesar. Rio de Janeiro: 7letras, 2007. 2° Ed.
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