O lance do amor, do verso, da história

Autor

  • Danielle Magalhães

Abstrakt

O amor é crer em um lance, crer nisso que é impossível de definir porque acontece em uma visada, em uma miragem, porque ele nos assalta e nos vemos sobressaltados. Acreditar no amor significa acreditar nesse lance singular, portanto, na impossibilidade de defini-lo. Na poesia, o verso é um lance. Na filosofia, Derrida (Cartão-Postal) diz: “o verso de tudo que eu escrevo”, frase que eu leio em sentido ambíguo. Em “Ideia da Prosa”, Agamben diz que o verso esboça um passo de prosa, lançando-se para ela, mas mantendo sua versatilidade, não se realizando na prosa, mantendo-se como verso. Podemos ler o verso na hesitação daquilo que se volta para frente, olhando, porém, para trás, e assim podemos lembrar do Anjo da História de Benjamin, cujo corpo é impelido para frente, com os olhos, porém, presos à avalanche de catástrofe que chega a galope e se amontoa atrás. Poderíamos então pensar em um entrelaçamento entre uma teoria da história, uma teoria do verso (isso que é sempre inclinado para o desastre) e o amor? Lembrando que enjambement é traduzido, no português, como “cavalgamento”, ressaltamos ainda o sentido erótico do verso e, na leitura de Agamben, aquilo que permite o despertar, a interrupção abrupta do galope no gesto do verso como um passo que, resistindo, porém, saltando, permite o pensamento, permite parar para pensar.

Opublikowane

2018-12-05