O mistério de "Kore": por uma política da singularidade de Giorgio Agamben a Jacques Lacan
Abstrakt
“A garota indizível”, um dos epítetos de Perséfone, é o principal objeto do livro homônimo de Giorgio Agamben. Na releitura agambeniana do mito grego, Kore constitui o limiar entre homem e mulher, humano e animal, mãe e filha. Sobretudo, de acordo com Agamben, Kore é a vida na medida em que não pode ser definida por idade, família, identidade sexual ou papel social. Tendo em vista essa caracterização, gostaria de pensar nas implicações políticas de uma vida que não pode ser subsumida a nenhuma categoria identitária. Para tanto, partirei do conceito agambeniano de “ser qualquer”, presente na Comunidade que vem, na medida em que consiste na tentativa de conceber um laço social produzido a partir de uma singularidade radical. Pois, se para Agamben, a lógica da lei é inexoravelmente uma lógica de exceção – uma lógica exclusiva-inclusiva em que há a inclusão em um determinado grupo ou classe (“o cidadão”, “o humano”, “o amigo”) produzida a partir da exclusão de outros (“o imigrante”, “o animal”, “o inimigo”) – a tentativa agambeniana é pensar uma comunidade para além da lei. Nesse sentido, mobilizarei a fórmula lacaniana “A mulher é não toda” (não totalmente submetida à lei fálica) para, com Agamben, pensar o que seria uma política da singularidade. Esse artigo tem em vista a relação entre Agamben e Lacan, na medida em que “garota indizível”, “ser qualquer”, e “não-toda” parecem apontar para novas possibilidades de laço social para além da lei fálica.
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