ESCRITO SOBRE A MINHA CARA
Resumo
O desafio consiste em escrever sobre um rosto, o meu , quando a preposição sobre -- no sentido de a respeito de -- pode inicialmente implicar um distanciamento, um estar fora da cara para vê-la, reconhecê-la, pensá-la. Mas, apartada de mim, como ainda chamar minha esta cara que só posso pensar sendo-a? O mesmo é ser e pensar , disse e ainda diz certa voz originária. Em busca desse mesmo e desse é , entreolham-se eu e meu espelho. Vetores de força interpelam-se entre o que os olhos vêem e o que a boca diz a respeito do que vejo. Na possível -- e sutil -- fenda entre ver e dizer, rascunha-se uma completa afinidade ou instável negociação? Ver já é... pensar!? Dizendo, também não penso? O pensamento emerge nesse hiato, nesse interstício dos verbos, na iminência e eminência de qualquer ação? Não obstante, só posso pensar e ver o meu rosto, porque, antes e sobretudo, ele está diante de mim. Porque, primordialmente, já estou projetado. Sou um percebido antes e no momento de perceber. Antes de minha consciência e antes do reflexo, existimos eu e meu rosto.
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