Poesia, Filosofia e Ciência

Autor/innen

  • Ronaldes de Melo e Souza

Schlagworte:

Interdisciplinariedade,

Abstract

Esta investigação pretende demonstrar que a revolução fundamental a que foi submetido o discurso filosófico e científico da atualidade suscita e promove um novo regime interdisciplinar, em que se torna possível um diálogo fecundo entre poesía, filosofia e ciência. Interdisciplinaridade pressupõe uma constelação conceitual comum. Na vigência histórica do princípio cognitivo da não-contradição, que preside à génese e ao desenvolvimento do discurso tradicional da filosofia e da ciência, a linguagem da poesia é reduzida à condição subalterna da inconsistência ontológica e epistemológica. O princípio que articula a estrutura da linguagem poética é metafórico, contraditório portanto, principalmente porque a metáfora diz que uma coisa é outra. No tribunal da consciência logicamente esclarecida, a metáfora só pode ser admitida como uma licença poética, um jogo livre da imaginação, que nada tem a ver com a seriedade do saber. Na ótica da razão nomotética, a linguagem da poesia se torna ainda mais inaceitável quando, não se contentando com o ludismo metafórico, se compraz na enunciação de que os contrários não se opõem, mas se complementam. A vincuiação indissolúvel do caos e do cosmos em Hesíodo e a oposição harmónica do orgânico e do não-orgânico em Hölderlin são denunciadas como inadmissíveis pela lógica filosófica e científica. Atualmente, no entanto, o ditame poético da interação dos contrários não escandaliza filósofos nem cientistas, simplesmente porque a filosofia e a ciência já não são regidas pelo princípio da não-contradição. A epistemología histórica de Gaston Bachelard, que se fundamenta no princípio da complementaridade preconizado pela física atómica, e a hermenéutica filosófica de Martin Heidegger, que realiza a desconstrução da estrutura onto-teo-lógica da metafísica, são testemunhos eloqüentes de que filosofia, ciência e poesia convergem no reconhecimento de que os contrários não constituem dualidades antagônicas, mas, sim, oposições complementares.

Literaturhinweise

G. Bachelard."La Dualité Corpuscule et Onde”. In: - L'Activité Rationaliste de la Physique Contemporaine. Paris, P. U. F., 1951, 190-210.

G. Bachelard. "La Notion de Corpuscule dans la Science Contemporaine”.In:- L'Activité Rationaliste de la Physique Contemporaine, 75-89.

G. Bachelard. La Flamme d'une Chandelle. Paris, P.U.F., 2.ed., 1962, 5 e 25.

G. Bachelard. La Dialectique de la Durée. Paris, P.U.F., 2.ed., 1963.

G. Bachelard. Le Nouvel Esprit Scientifique. Paris, P.U.F.,I4.ed.,1978.

G. Bachelard. Le Nouvel Esprit Scientifique, 79-80.

G. Bachelard. La Philosophie du Non. Paris, P.U.F., 7,ed.,1975.

G. Bachelard. "Le Surrationalisme”. In: -L'Engagement Rationaliste. Paris, P.U.F 1972, 7-12.

G. Bachelard. "Le Problème Philosophique des Méthodes Scientifiques". In: - L'Engagement Rationaliste, 35-44.

G. Bachelard. Le Rationalisme App//qué. Paris, P.U.F., 2.ed.,1962.

G. Bachelard. "Idéalisme Discursif". In: - Études. Paris, J. Vrin, 1970, 87-97.

G. Bachelard. "Critique Préliminaire du Concept de Frontière Épistémologique”. In: - Études, 77-85.

G. Bachelard. L' Air et tes Songes . Paris, J. Corti, 1943.

G. Bachelard. La Terre et les Rêveries de la Volonté . Paris, J. Corti, 1948.

G.Bachelard. La Terre et les Rêveries du Repos . Paris, J. Corti, 1948.

G. Bachelard. La Psychanayse du Feu. Paris, Gallimard, 2.ed., 1949.

G. Bachelard. L'Eau et les Rêves . Paris, J. Corti, 1942.

G. Bachelard. "La Dialectique Dynamique de la Rêverie Mallarméenne". In: - Le Droit de Rêver . Paris, P.U.F., 3.ed., 1973, 157-162.

W. Jaeger. Paideia. Tradução de A.M. Parreira. S. Paulo, Herder, s/d, 808-826.

E.de Sousa.Horizonte e Complementariedade.Brasília-S.Paulo, UnB-Duas Cidades, 1975, 100-112).

H. Leier. Zur Struktur des platonischen Hohlengleichnisses. Hermes (1971) 99: 209-216.

M. Heidegger. "Das Sein als Apriori". In: - Der europäische Nihilismus. Pfullingen, 1967, 189-199.

M. Heidegger. Die Frage nach dem Ding. Tubingen, 1975, 53-59.

M. Heidegger. Platons Lehre von der Wahrheit. In: Wegmarken (Gesamtausgabe Bd. 9). Frankfurt a. M.( 1976, 203-238.

M. Heidegger. Einführung in die Metaphysik. Tubingen, 4. Auf!., 1976,139-140.

M. Heidegger. "Aletheia [Heraklit, Fragment 16)".In: - Vorfrage und Aufsätze. Pfullingen, 4. Aufl., 1978, 249-274.

M. Heidegger. "Moira {Parmenides, Fragment VIII, 34-41)". In: - Vörtrage und Aufsätze, 223-248.

M. Heidegger. Was ist das - Die Philosophie ? Pfullingen, 5. Aufl., 1972, 12-15.

M. Heidegger. Zur Sache des Denkens. Tubingen, Max Niemeyer, 1969.

M. Heidegger. Was heisst Denken ? Tubingen, 1954.

M. Heidegger. Erläuterungen zu Hölderlins Dichtung. Frankfurt a. M., V. Klostermann, 2. Aufl., 1951.

M. Heidegger, Erläuterungen zu Hölderlins Dichtung , 47-74.

F. Hölderlin. "Das Höchste". In: - Werke und Briefe. Bd. 2, Hg, F. Beissner-J. Schmidt. Frankurt a. M„1969, 671.

M. Heidegger. "Der Ursprung des Kunstwerkes". In - Holzwege. Frankfurt a. M., 2.Aufl., 1952,37-38 e 43-44.

M. Heidegger. “...dichterisch wohnet der Mensch...". In: - Vorträge und Aufsätze, 181-198.

M. Heidegger. Vorträge und Aufsätze, 191.

M. Heidegger. "Der Ursprung des Kunstwerkes". In: -Holzwege. Frankfurt a. M., 2. Aufl 1952, 7-68. * Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Veröffentlicht

2020-02-17