Bordar para abraçar a mãe Terra

Embroidery to embrace mother Earth

Authors

DOI:

https://doi.org/10.60001/ricla.v33.n2.4

Abstract

Recentemente, a difusão da arte têxtil, sobretudo do bordado, vem sendo alinhavada a práticas artivistas e conquistando ampla adesão de grupos e coletivos de mulheres. Numa pesquisa qualitativa, costuramos nas linhas teórico- práticas a perspectiva da concepção de corpo-território e Antropoceno pela cosmovisão indígena, as cartografias têxteis e a compreensão do “bordartivismo”. A escrita cartográfica, as cartografias têxteis, no presente artigo, refere-se ao nosso relato de experiência oriundo do encontro com um grupo de mulheres artesãs 
que foram convidadas a bordar com a temática da Mãe Terra. Esse grupo, nomeado Grupo de Enxovais para Bebê, tem por mais de três décadas atuação na costura voluntária, especificamente na confecção de peças para doação a gestantes. As convidadas bordaram quadradinhos cedidos para integrar uma exposição colaborativa e comunitária, junto a outros bordados feitos pelos demais grupos que aderiram à chamada da exposição de dimensão internacional e interinstitucional. Foi um encontro de ação no microterritório de um grupo que ressoa no macroterritório global, promovendo assim elos entre nós e conosco, mulheres dedicadas a bordar para abraçar a Mãe Terra. Por fim, afetadas por essa experiência fruto da aprendizagem inventiva, propomos a expressão “gesto solidário intergeracional” como forma de batizar esses movimentos que propiciaram o encontro com o outro, entrelaçadas pelos saberes e fazeres da artesania.

Palavras-chave: Cartografia. Arte têxtil. Artesanato. Grupos.

Abstract

Recently, the dissemination of textile art, especially embroidery, has been aligned with artivist practices and has gained widespread support from women's groups and collectives. In a qualitative research project, we stitched together theoretical and practical lines to the concept of body-territory and to the Anthropocene from the perspective of the indigenous worldview, textile cartographies and an understanding of embroidery as activism. In this article, cartographic writing, textile cartographies, refers to the experience report from our meeting with a group of craftswomen who were invited to embroider on the theme of Mother Earth. This group, called Baby’s Wardrobes Group, for more than three decades has been involved in voluntary sewing specifically making items to give to pregnant women. The craftswomen embroidered fabric squares and donated them to be part of a collaborative and community exhibition, along with other embroideries made by the other groups who joined the call for the exhibition, which has reached an international and inter-institutional dimension. This action in the micro-territory of a group resonated on a global macro-territory level, thus promoting bonds between women dedicated to embroidery for embracing Mother Earth and us. Finally, affected by this experience (the result of inventive learning), we propose the expression “intergenerational gesture of solidarity” as a means of naming these movements that fostered the encounter with the other, intertwined with the knowledge and skills of craftsmanship.

Keywords: Textile art. Craftsmanship. Groups.

Published

2024-06-19