O meio na construção da narrativa:um estudo sobre Memórias póstumas e Clara dos Anjos
Palavras-chave:
Machado de Assis, Lima Barreto, Rio de Janeiro, Teorias higienistasResumo
Este artigo procura compreender a presença do espaço urbano e suas relações com as teorias higienistas e do meio como formador nos romances Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e Clara dos Anjos, de Lima Barreto. Difundidas inicialmente na Europa, as teorias higienistas e do meio como formador do indivíduo eram, principalmente durante o século xix, bastante presentes na literatura específica científica, como na medicina, e, posteriormente, foram apropriadas pelos estudiosos do urbano, sendo aplicadas na reformulação das cidades. No Brasil, tais teorias também foram utilizadas nas novas construções e reformas urbanas, tal como no Rio de Janeiro, cidade retratada em tais romances e cenário através do qual os escritores aqui analisados compõem seus enredos. O trabalho procura mostrar como a construção da narrativa nesses romances se utiliza dos espaços da cidade de maneira análoga àquela pregada pelas teorias científicas do meio como formador do indivíduo, ou seja, como o meio é presente e formador da trama narrativa.
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