Forças de um corpo vazado

Autores

  • Ana Kfouri Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ

Palavras-chave:

Corpo, Linguagem, Arte, Samuel Beckett, Valère Novarina

Resumo

Este artigo faz parte da pesquisa que venho desenvolvendo no Programa de PósGraduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Traços: o eu vazado na visualidade, sob a orientação da Profa. Dra. Angela Leite Lopes, que visa aprofundar e dar continuidade à pesquisa de linguagem que venho desenvolvendo ao longo da minha trajetória artística, de caráter teórico-prática, a qual tem como foco pensar a experiência artística para além da representação, ou melhor, para além da mera reduplicação da realidade, entendendo a linguagem como lugar de pensamento, como criação, como campo de forças em tensão. Ou seja, a linguagem é entendida aqui em sua autonomia, sem depender do sujeito ou de questões relativas à subjetividade. O que moveu a realização dessa pesquisa foi a hipótese de que está na palavra, e mais especialmente no ato de falar, a potência de um lugar da criação e da não representação na cena e na arte contemporâneas. Mas quem fala? Quem é esse quem? A hipótese é a de que quem fala é um eu vazado, imagem poética que venho, então, criando e desenvolvendo para dar conta desse desafio de deixar o texto falar, deixar a carne falar. Um eu vazado é perpassado, atravessado pelo outro – música, afeto, lembrança, vazio –, um eu que, ao não fixar conteúdos, libera-os justamente por vazar. Em Forças de um corpo vazado articulo reflexões sobre o eu vazado pensando o corpo, confrontando pensamento e experiência, a partir da minha vivência como atriz com o universo dos autores Valère Novarina e Samuel Beckett.

Referências

ALFERI, Pierre. Chercher une phrase. Paris: Christian Bourgois, 1991.

BECKETT, Samuel. Dias Felizes. Tradução Jaime Salazan Sampaio. Editorial Estampa, 1973.

______. Pioravante Marche. Tradução Miguel Esteves Cardoso. Lisboa: Gradiva Publicações, 1988.

______. Primeiro amor. Trad. e desenhos de Célia Euvaldo. São Paulo: Cosac Naif, 2004. DELEUZE, Gilles. A imagem-movimento. Trad. Stella Senra. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

______. Sobre o teatro: Um manifesto de menos, trad. Fátima Saadi; O esgotado, trad. Ovídio de Abreu, Roberto Machado. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2010.

KANTOR, Tadeusz. O teatro da morte. Trad. J. Guinsburg, Isa Kopelman, Maria Lucia Pupo e Silvia Fernandes. São Paulo: Perspectiva: Edições SESC SP, 2008.

MALLARMÉ, Stéphane. Crise do verso. Inimigo Rumor. Trad. Ana Alencar. São Paulo, Rio de Janeiro, v. 20, p. 150-164, 2008. (Extratos, tradução modificada por Marcelo Jacques de Moraes, mimeo)

NOVARINA, Valère. O homem fora de si. Cadernos de dramaturgia. Trad. Angela Leite Lopes. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio, 2003.

______. Carta aos Atores e Para Louis de Funès. Trad. Angela Leite Lopes. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.

______. Le monologue d’Adramélech. Paris: P.O.L. Éditeur, 2009.

______. O teatro dos ouvidos. Trad. Angela Leite Lopes. Rio de Janeiro: 7Letras, 2011.

______. L’inquiétude rythmique. Catalogue édité avec le concours financier de La Direction Régionale des Affaires Culturelles, le musée de la Ville de Poitiers et la Société des antiquaires de l’Ouest, et les auteurs. s.d.

Downloads

Publicado

17.02.2020

Edição

Seção

Dossiê Interfaces