Instintos poéticos: gestos de conexão multiespécie em processos de criação artística
Abstract
Este artigo apresenta uma reflexão sobre o instinto de sobrevivência no contexto do Antropoceno. A leitura de escritos de Charles Darwin é comentada a partir da interlocução com pensadores contemporâneos tais como Edgar Morin, Tim Ingold, Donna Haraway e Ailton Krenak com intuito de enfatizar a conectividade presente nas relações entre seres vivos. Para isto, procuramos ultrapassar o paradoxo entre o indivíduo e o coletivo ao enfatizar a intencionalidade e a contaminação entre funções orgânicas e estéticas em comportamentos animais. A proposição de instintos poéticos é apresentada no compartilhamento de investigação teórico-prática em artes visuais com uma série de gestos de conexão “multiespécie” em alguns experimentos artísticos da autora. Os instintos poéticos emergem como estratégia de sobrevivência distinta na busca pela conexão com “parentes estranhos”.