Narrativas e mediações em batalhas de poesia: experiências de slams em Salvador

Autores

  • Danielle Gama

Resumo

Criadas nos Estados Unidos em 1986 e trazidas para o Brasil em 2008, as batalhas conhecidas como slams têm se espalhado pelo país na forma de competições de poemas autorais, em que poetas e público se reúnem para dizer e ouvir poesias. Tais eventos buscam criar espaços democráticos de expressão e têm sido promovidos em locais periféricos de centros urbanos. Este artigo traz considerações que se baseiam em nossa pesquisa de mestrado, em que acompanhamos o cenário do slam na cidade de Salvador/Bahia, durante os anos de 2017 e 2018. A pesquisa utilizou-se da descrição etnográfica, através de observação participante e entrevistas semiestruturadas. Neste texto, buscamos refletir sobre como os atores do slam em Salvador comunicam e socializam suas vivências através das batalhas de poesia e como os slams potencializam as vozes de sujeitos de grupos marginalizados, através da construção e compartilhamento de narrativas outras, para si e para o lugar onde vivem. Para isso, propomos analisar discursos construídos nos textos poéticos destes sujeitos e em suas falas a respeito do slam, apoiando-nos nos conceitos de narrativa (Benjamin, 1994) e de mediações (Martín-Barbero, 1997). É possível observar que o slam em Salvador está engajado a questões de afirmação da identidade étnico-racial negra e integrado a outras manifestações culturais de mesmo foco, nas quais seus atores transitam, além da valorização de identidades minoritárias como de mulheres e pessoas LGBTQ+. Há uma intenção, presente em seus textos e suas falas, de provocar debate, no que se pode chamar de “tráfico de informação”.

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Publicado

2020-12-17

Edição

Seção

Rede Moitará