Reflexões linguístico-literárias em o Decameron, de Giovanni Boccaccio
DOI:
https://doi.org/10.55702/medievalis.v10i1.44925Abstract
O Decameron, de Giovanni Boccaccio (1313-1375), composto entre 1349 e 1351, mas revisto e reelaborado até os últimos anos de sua vida, representa o resultado do amadurecimento artístico do escritor. Nenhuma outra produção de estrutura realística realçou com tanta generosidade e agudeza a representação da existência humana como esta. Composto de 100 novelas contadas ao longo de 10 “giornate”, abarca a trama de extensos e numerosos eventos com riqueza de temas, de figuras e de situações, concedendo aos leitores, por intermédio de alguns irreverentes protagonistas, ampla via de reflexões sobre valores humanos atemporais. Apesar de bem extenso, mas suscitando sempre curiosidade, é bastante procurado em várias traduções, seja nos meios acadêmicos ou não, o que pressupõe vivo interesse por sua mensagem. Esse Realismo avant la lettre mostrou-se inesperado para sua época e fez de Boccaccio um autor por vezes mal compreendido. Concedeu à obra uma aura que a classifica como pertencente apenas ao rol de uma literatura menor de cunho erótico - ou mesmo, segundo crítica inexperiente, pornográfico. Tal equívoco interpretativo tende provavelmente a agravar-se, caso se estabeleçam possíveis dificuldades de entendimento textual ao iniciado na aprendizagem da língua italiana. No caso específico da disciplina Literatura Italiana I, item em que Boccaccio vem inserido, ministrada na graduação de Português-Italianao, no IL-UERJ, seria ideal efetuar-se o aprofundamento do estudo literário da referida obra não só no original, mas também em texto já atualizado. Tal propedêutica pretende verter textos antigos - sempre que possível e sem ferir a composição poética - para o italiano moderno, abrindo, assim, as possibilidades do horizonte de leitura. Desta forma, sempre orientado por uma crítica revisionista da Tradução e/ou da Atualização, este trabalho visa a sugerir possíveis caminhos para o estudo de O Decameron.
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